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Musicais brasileiros ganham força em ano de muitas crises

Foto/Divulgação

O teatro musical no Brasil teve um ano de consolidações em 2017. Confirmou a excelência de seu corpo criativo, tanto dentro como fora do palco, em produções de complicado aparato técnico, como Les Misérables e Cantando na Chuva, como também apresentou um importante caminho aberto para os espetáculos genuinamente nacionais, como Suassuna – O Auto do Reino do Sol, que parte de uma biografia, mas segue por caminhos absolutamente geniais e criativos.

Foi um ano de muitas produções, apesar da crise. E, talvez por causa dela, a originalidade foi um importante recurso na busca de sucesso. É o que confirma a qualidade de Suassuna, criado e montado pela companhia Barca dos Corações Partidos, cuja presença revela-se cada vez mais indispensável no cenário artístico brasileiro pela fidelidade a um repertório nacional e a um teatro que privilegia o intercâmbio de linguagens. Tanto que Suassuna não se limita ao gênero musical para se tornar uma das principais criações do ano nas artes cênicas.

Altíssimo nível também apresentaram Les Misérables e Cantando na Chuva. O primeiro trouxe, além de impecável esmero técnico, um elenco de marcantes interpretações de Daniel Diges, Nando Pradho, Laura Lobo, Ivan Parente e Andreza Massei, cujas atuações embaçaram o limite entre protagonistas e atores secundários. Com letra sofisticada e poderosa melodia, Les Misérables comprovou ser um dos mais completos musicais dos últimos tempos já montados no Brasil.

Já a montagem de Cantando na Chuva honrou a alcunha de ser esse um clássico entre os musicais do cinema. Sonho antigo de Claudia Raia e Jarbas Homem de Melo, finalmente conseguiu ser montado adequadamente, graças à parceria com a IMM Esporte e Entretenimento. Apesar de a cena com Jarbas literalmente cantando na chuva ser a mais memorável, o espetáculo seguiu à risca o mandamento fundamental do original: revelar os bastidores de um mundo de ilusão. Para isso, foi decisiva a interpretação de Bruna Guerin, Reiner Tenente, além de Jarbas e Claudia, que recuperaram com frescor aquele saudoso clima dos anos 1950.

Entre as apostas ousadas do ano, houve produção que caiu nas graças de público e crítica, como 60! Década de Arromba, delicioso almanaque sobre aqueles agitados anos, que contou ainda com a presença ilustre de Wanderléa. E também houve aquela que causou estranhamento, como Ayrton Senna – O Musical, injustamente avaliado em sua proposta de quebrar certos cânones. Se não acertou em todas suas propostas, revelou uma bem-vinda disposição para mudanças radicais.

Finalmente, foi um ano ainda de pequenas produções ocuparem um espaço devido (como Yank!) e da perda irreparável de nomes como Marcos Tumura, um dos mais completos do musical brasileiro, morto em maio, e da promissora Juliana Peppi, no final de dezembro, dona de poderosas voz e presença.

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