Aquele menino passava mais tempo no quintal brincando com o cachorro, observando as galinhas soltas, os passarinhos voando de um lado para o outro, as formigas trilhando caminhos entre as folhagens. Sim, ele também ia para a escola, mas, assim que voltava, ia logo se encontrar com aquela multidão de animais.
Não que ele não gostasse de gente, até gostava muito. No entanto, era ali naquele quintal que fantasiava essas coisas que crianças cismam em fantasiar.
Ele não se lembrava exatamente quando foi que escolheu o que iria ser. Todavia, o moleque se recordava exatamente como foi. Num desses almoços de família, lá estava o seu tio, que ele gostava de chamar de Nabuquinho.
Não que o tio tivesse esse nome, mas é que a avó, certa vez, lhe disse que o avô queria ter colocado o nome no filho de Nabucodonosor. O menino achou esse nome tão legal, que passou a chamar o tio assim. Pois bem, voltando ao tal almoço, lá estava o Nabuquinho observando o sobrinho brincando com o cachorro, quando disse:
– Acho que ele vai ser veterinário!
O menino olhou espantado para o tio. Ele não se lembrava de ter ouvido aquela palavra antes.
– Veterinário? O que é isso?
A avó lhe explicou que veterinário era o profissional que cuidava dos animais. O menino pareceu gostar daquilo, pois seus olhos brilhavam de uma maneira especial. A partir de então, ele sempre falava para todos que seria veterinário.
E foi justamente o que ele se tornou após vários anos depois daquelas palavras proféticas do Nabuquinho. E, hoje em dia, toda vez que um cliente lhe diz que o seu sonho de infância era ser veterinário, ele diz:
– Também era o meu!