Já dizia Zebedeu, primo-irmão do Galileu, que não há argumentos contra os fatos. Da mesma forma, não há hipótese de involução da evolução, que não modificou somente nossa vida, mas alterou para pior nossa comunicação e nossa língua. Sei que há controvérsias, mas hoje elas (as controvérsias) estão presentes até no sexo nosso de cada dia. Eu digo que fui, ela diz que está indo e nós, após alguns segundos, acabamos no ora veja. Na verdade, acabou-se tudo.
Para alimentar minha depressão anárquico-filosófica, atualmente os lampejos sexuais estão restritos aos políticos que insistimos em eleger. Com as bençãos do povo, eles costumam se reunir uma ou duas vezes por semana para, ingerindo altas doses de serotonina, fornicar com nosotros.
É o tal do sexo grupal, também chamado de suruba coletiva e de gozo individual. Em outras palavras, é aquela forma de saliência em que poucos se satisfazem vendo a multidão tomar no figo até que ele fique afolozado. Tem gente que gosta. E eu entendo.
Aproveitando os afrouxamentos da língua portuguesa, mesmo no sentido figurado, gostaria de tornar público que, se depender somente de mim, no meu ninguém tasca. Nem mesmo o padre que presenteava meninos com Coca-Cola e pão com mortadela.
Posso ter um passado negro, mas desse mal não morri E não morro. Sempre optei por ter os amigos ao meu redor, nunca ao meu lado. Uma das primeiras lições aprendidas com meu vô português foi relativa a uma sujeita chamada opinião. Segundo o velho, opinião e boga cada um tem o seu. Os mais radicais, aqueles com opinião formada a respeito de tudo, cedem o fuleco mesmo sem a necessidade do pedido formal.
É a tal história de dar um tiro nos anais só para aproveitar o buraco. Por tudo isso, incluindo minha ojeriza pelos políticos, mando tomar no orifício circular traseiro todos que contam maledicências sobre minha pessoa. Dobro a dose para os que acreditam nelas. O meigo que se lasque.
Antes que pensem mal de minhas costas retilíneas e tocadas semestralmente somente pelo meu adorado urologista, devo dizer que sou diabético. Portanto, nem adianta tentar fazer do bicho enrugado uma guloseima doce. Tô fora. Fujo disso como o Diabo da cruz e o vampiro da réstia de alho. Aliás, como sou educado e quase castiço, asseguro que minhas réstias estão intocáveis. Sou castiço, mas muito mentiroso. Esqueci as que ficaram pelo caminho, mais especificamente na maca do consultório do único homem que, com meu consentimento, já tocou em minha cebola.
O que fazer? Há situações em que a gente precisa dividir a mesa com Judas, sem que isso tire nossa paz. Eis o mistério da fé e do silencio após o primeiro toque retal. Está aí uma coisa que Deus não pode fazer por nenhum de nós. Sei que a máxima dos enrustidos estabelece que provoca quem sabe, resiste quem tem juízo. Honestamente, não tenho o hábito de mandar um ser humano tomar no forever. É o tipo da coisa desnecessária. Basta um empurrão e créu. Os fones de ouvido são os primeiros a emudecer. O resto depende exclusivamente do perfil do caneco.
Achou ruim? Tente novamente. Gostou? Fique para você. Lembre-se de que o tuc tuc é seu e você faz dele o que bem entender. O risco do estrago do objeto roliço penetrante é grande, mas, dizem, o prazer é inigualável.
Mais uma vez reitero que, conversa que eu não entendo, minhoca lá. Ou como preferem os baianos: “Lá ele!”. Embora escriba antigo, não indico a nenhum amigo os ensinamentos de Stanislaw Ponte Preta: “Rabo e conselho só se deve dar a quem pede”. Cumpro meu papel semântico de animal, isto é, mesmo no mais alto trono do mundo, estarei sempre sentado sobre o rabo. No entanto, se é que devo, sugiro que brasileiro algum faça como aquele professor inglês que, cansado de estudar e não captar as sugestivas e capciosas palavras da língua ensinada por Cabral e seus asseclas, decidiu buscar por conta própria os significados dos vocábulos e das expressões em português.
Não preciso nem dizer que a primeira experiência foi a pior possível. Acostumado a ceder a cauda nos pubs londrinos, o gringo avistou um desses quiosques que fazem chaves por encomenda e mudam segredos de cofres em domicílio e não pensou duas vezes ao conseguir ler a faixa pintada de vermelho e com letras garrafais: “Troca-se segredo”. Discípulo do mestre Elton John, o teacher bateu no balcão e, ao avistar o atendente, não se fez de rogado: Moço, eu dou o furico e você? Segredo contado, segredo repassado. O pobre professor não teve mais sossego.
Torcendo para que nossos políticos sejam devolvidos aos dinossauros afogadores do ganso e descabeladores do palhaço, não posso esquecer de lembrá-los que algumas pessoas tomam mais no toco cru do que no copo. Os dias ruins também acabam. Chega de ser só no meu.