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Diretas ou indiretas

Nanicos lançam Maia e os grandes temem força de Lula

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Igor Gadelha e Vera Rosa
Marta Nobre, Edição

A sucessão de Michel Temer está sendo discutida abertamente no Congresso Nacional, onde aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deflagraram uma campanha em defesa do nome dele como candidato a presidente da República em uma eventual eleição indireta. O nome de Maia já é defendido publicamente por líderes de partidos médios e nanicos e, nos bastidores, por lideranças de grandes partidos da base aliada e pela oposição.

“O momento ainda é de muita incerteza, mas o Rodrigo seria um bom candidato. Tudo que ele promete ele cumpre”, afirmou Luis Tibé (PTdoB-MG) à reportagem. Líder do PEN, outro partido nanico como o PTB, o deputado Junior Marreca (MA) também defende a candidatura. “Defendo o Rodrigo como candidato. Ele tem conduzido a Câmara com tranquilidade e é a opção mais viável que existe hoje. Não tem outro nome”, afirmou.

Uma eventual candidatura de Maia, que é alvo da Lava Jato, tem apoio até de deputados que já fizeram oposição ao parlamentar. “Se o presidente sair, acho que ele é uma boa alternativa. Ele tem condições de ser eleito”, disse o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente do Solidariedade. Paulinho era um dos líderes do antigo “Centrão”, grupo de siglas médias que disputava espaço na base com o grupo de Maia.

Medo de Lula – O agravamento da crise política também fez o PSDB e o DEM intensificarem as articulações de bastidores na tentativa de barrar a possibilidade de eleição direta para substituir o presidente Michel Temer.

Em conversas reservadas, dirigentes das duas siglas avaliam que, caso a coalizão de apoio a Temer não apresente uma alternativa de poder, o movimento por “diretas já” pode ganhar força, com “risco” de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar ao Palácio do Planalto.

Nesta terça-feira, 23, a base aliada conseguiu adiar a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara do relatório favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das eleições diretas para o caso de vacância da Presidência. O projeto, mais tarde, foi retirado da pauta.

Desde a divulgação das delações da JBS, tucanos e outros aliados têm feito reuniões quase que diárias para discutir cenários de pós-Temer. Um deles, defendido por dirigentes do PSDB, do DEM e de uma parte do próprio PMDB, seria a renúncia do presidente com escolha de um sucessor que passe pela concordância do próprio Temer. O problema, nesse caso, é que o peemedebista não aceita renunciar e ninguém pretende pressioná-lo para que faça isso, ao menos por enquanto.

Ministros – Até agora, a maior parte dos aliados concorda com a manutenção do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Alguns também observam que seria conveniente propor a Temer que, caso a situação fique insustentável, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, também sejam preservados, embora sejam investigados pela Lava Jato.

Avalista do governo, o PSDB considera que o nome ideal para substituir Temer seria o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas não há consenso.

Na Câmara, muitos aliados querem que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ocupe a cadeira de Temer. Se o presidente renunciar, é Maia que assume o cargo por 30 dias.

Chapa – Apesar das articulações, o PSDB pretende esperar o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), previsto para o próximo dia 6, para só então resolver se continua ou não no governo.

“A ideia é ter prudência e, obviamente, um prazo para tomar a decisão”, disse o deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do partido na Câmara.

O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, disse que a manutenção de Temer no governo depende agora do Congresso. “Se as reformas andarem, Temer fica. Se não, o próprio mercado, que o sustenta hoje, pedirá para ele sair”, afirmou o parlamentar.

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