Até mesmo a menor das crianças conseguirá captar as vibrações negativas e as oscilações emocionais do ambiente gerados pelos pais e irão reagir a elas tirando suas próprias conclusões em relação aos episódios
Durante esse período tão atribulado, cuidar das carências dos filhos é crucial. Mas quando o seu próprio mundo está sendo virado de cabeça para baixo, pode ser que você sinta que é quase impossível protegê-los. Ainda assim é fundamental que você faça o melhor para informá-los e fornecer a eles defesas para lidarem da melhor forma com os episódios que ameaçam sua estrutura familiar.
Conhecimento e informações são cruciais em tempos de mudança, e quando estamos sob forte estresse, saber o que pensamos em relação aos acontecimentos pode ser uma luz que nos guiará em direção à superação e a um novo começo. Isto, serve tanto para os pais que estão se separando quanto para seus filhos.
O Divórcio Aqui (www.divorcioaqui.com.br) conversou com pscicólogos e perguntou quais atitudes devem ser tomadas durante o processo de divórcio. Segundo os especialistas, a primeira coisa é contar a verdade às crianças (poupando-as de detalhes, obviamente), explicando quais foram os acordos que influenciarão seu dia-a-dia e assegurando que são seus pais que estão se separando e não eles que estão se separando dos pais, fará toda a diferença entre o caos emocional e a sensação de que a vida pode e deve continuar, quem sabe até trazendo algumas boas novidades.
No pior dos casos, o processo de separação pode parecer um longo e tenebroso inverno em que a tensão, a negação, a culpa, a vergonha, a raiva, a tristeza, a depressão e o medo do futuro apareçam formando o ciclo de emoções do luto que as pessoas sentem. Afinal, a sensação de luto não se reserva apenas para casos de morte. Qualquer tipo de perda gera uma consternação, e as perdas no caso do divórcio vem de várias formas diferentes, como perda da estabilidade financeira, dos planos que a pessoa tinha em relação ao futuro, a perda da confiança, da fé, da autoestima e da estabilidade emocional. Mas a perda também traz transformações, ajustes e adaptações, e também, o potencial de restabelecer a própria vida de uma forma mais tranquila e saudável.
No processo de aceitação da perda, vamos aprendendo a administrar a montanha-russa de sentimentos contraditórios, como o arrependimento e o alívio; o medo das mudanças e a esperança de dias melhores. E à medida que vamos lidando com nossa ansiedade, fazendo planos e acordos judiciais, vamos nos encaminhando para utilizar o potencial de otimismo e retomada, criando um novo equilíbrio, mesmo que este seja ainda frágil e vulnerável como as primeiras flores a desabrochar na primavera. Tanto para as crianças como para os adultos, é um processo que necessita de tempo para que seja possível aprender a lidar, aceitar e se readaptar
Aliás, não há dúvida de que o modo com que os pais lidam com os desafios do divórcio, influenciará diretamente na maneira que os próprios filhos lidarão com ele também. Durante esta que pode ser a fase mais estressante da vida de uma pessoa, pode parecer impossível oferecer aos filhos mais do que cuidados básicos como alimentá-los, vesti-los, levá-los à Escola ou para a casa dos avós. E as crianças tendem a guardar para si o que estão sentindo, ou então começam a demonstrar suas emoções através de alterações no comportamento, já que para elas é mais fácil se expressar desta forma do que verbalizar o que estão sentindo, na esperança que seus pais percebam aquele comportamento como um pedido de socorro. Por incrível que pareça, é de se esperar também que as crianças comecem a ficar mais prestativas, até exagerando na ajuda com os afazeres domésticos.
Obviamente, cada criança irá reagir à sua maneira, dependendo da idade, da personalidade e do senso de autoestima que tiverem. Quanto mais seguras forem em relação a si mesmos, mais força terão para lidar com essa fase normalmente tão assustadora, na qual vêem, sentem e ouvem a discordância e as batalhas de seus queridos pais, responsáveis por todo o senso de segurança, amor e estabilidade que eles tinham.
A conseqüência natural é que se sintam desesperadas, inadequadas, impotentes e assustadas. É comum ainda, que se sintam responsáveis pelo divórcio, como se a culpa da separação fosse deles. E as crianças, assim como os pais, podem sentir toda aquela gama de sensações conflitantes achando que não conseguirão suportar o peso da turbulência emocional, que às vezes envolve mudanças em seu cotidiano, como mudar de casa, de escola, se afastar dos amigos, assim como numa série de hábitos que tinham quando os dois pais estavam juntos.
Lidar com a dor dos filhos pode ser muito difícil para os pais que estão, eles mesmos, sob enorme pressão, querendo que os filhos estejam bem. Os pais podem até se sentirem frustrados e ficarem com raiva ao verem que os filhos, justo nas horas mais difíceis, não colaboram! Mas como elas poderiam colaborar, se estão apenas sendo um reflexo da severidade das situações que estão experimentando e manifestando, a partir do ponto-de-vista deles
Se os pais puderem, apesar de tudo ? ou até justamente por estarem passando pela mesma coisa ? entenderem a dor dos filhos e se concentrarem em ajudá-los, certamente as crianças terão uma chance incalculavelmente maior, de saírem dessa com a esperança, a fé e a confiança de que há uma nova maneira de se viver a vida, diferente da que estavam acostumadas, é verdade, mas quem sabe, até mais positiva do que tinham quando viviam em um lar que estava sempre em vias de desmoronar.
A chave para a transição mais suave possível para as crianças é acolher e levar em consideração seus sentimentos sem nunca desmerecê-los Ouçam e validem o que eles estão manifestando em vez de negar ou ignorá-los, mesmo que seja com boas intenções, como se isso fosse poupá-los. Lembre-se: ignorar a tristeza e a raiva que vocês ou seus filhos sentem, não fará com que elas vão embora. Só irá piorar o quadro.
É nessas horas que um bom livro, uma leitura em conjunto, pode fazer toda a diferença. Livros infantis que tratam da temática do divórcio podem ser de grande auxílio não só para que os filhos possam aceitar melhor a separação, como também para que os pais conheçam detalhes sobre o ponto de vista dos filhos, que nunca tenham ocorrido a eles, já que muitos desses livros apontam reações comuns das crianças nessa fase. Portanto, ler livros para eles ou com eles, aumenta o vínculo entre pais e filhos; instrui, e proporciona um espaço para que questões importantes sejam abordadas, beneficiando em muito a relação e a confiança de todos.
Passar por todo esse processo juntos pode acabar criando um forte vínculo de amor entre pais e filhos, que sirvam para restabelecer o senso de segurança e reconstruir de forma sólida a consciência de que o foco é sempre o bem-estar deles.