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Onde tem água...

Nasa vê oceano viscoso e subterrâneo em Plutão

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Fábio de Castro

A famosa mancha em forma de coração na superfície de Plutão provavelmente esconde um oceano lamacento, viscoso e congelado, de acordo com um novo estudo publicado nesta quarta-feira, 16, por cientistas da missão New Horizons, da Nasa.

Lançada em 2006, a New Horizons chegou ao ponto mais próximo de Plutão em julho de 2015, observando em detalhes uma formação semelhante a um coração, batizada de Tombaugh Regio. Logo em seguida, os cientistas descobriram que a metade esquerda do “coração” corresponde a uma vasta planície congelada, batizada de Sputinik Planum.

De acordo com os autores do novo estudo, a existência de um oceano logo abaixo da superfície da planície Sputinik ajuda a explicar um mistério que intrigava os cientistas. Segundo eles, a região Tombaugh está alinhada em oposição a Charon, a principal lua de Plutão, em uma orientação inusitada que até agora carecia de uma explicação convincente.

A explicação pode ser a existência de um espesso oceano subterrâneo, segundo os autores do estudo, que teria servido como uma “anomalia gravitacional”, com seu peso alterando a relação gravitacional entre Plutão e Charon. Ao longo de milhões de anos, o planeta teria saído do eixo, alinhando seu oceano subterrâneo – e a região em forma de coração – em oposição a Charon.

“Os dados da New Horizons nos mostraram que a planície Sputnik não só está do lado oposto de Charon, mas que está praticamente em exata oposição. Nós estudamos qual é a chance de isso ter acontecido aleatoriamente e concluímos que ela é de menos de 5%. Então, a questão passou a ser: o que causou esse alinhamento?”, disse um dos pesquisadores da missão, Richard Binzel, que é professor do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT, na sigla em inglês).

A grande planície Sputnik, que os cientistas acreditam ter sido formada por um violento impacto, parece ser extremamente brilhante em comparação ao resto do planeta. A explicação para isso, segundo os dados da New Horizons, é que a área é coberta por nitrogênio congelado.

Segundo os cientistas, se um grande meteorito produziu a formação da planície, o forte impacto deve ter ejetado uma imensa quantidade de gelo, produzindo na superfície do planeta uma cratera no fundo da qual só sobrou uma fina camada de gelo.

Se havia um oceano abaixo dessa camada, ele provavelmente empurrou a fina crosta por baixo, criando uma protuberância, segundo os pesquisadores. Como a água é mais densa que o gelo, a protuberância provavelmente compensou a massa dos materiais ejetados pelo impacto.

À medida que o nitrogênio foi se depositando na planície, ao longo do tempo, a massa daquela área foi se tornando maior do que era antes do impacto, deslocando Plutão em seu eixo.

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