Há quase dois anos (mais precisamente no dia 12 de outubro de 2012), Notibras, em um ato açodado, colocou no ar uma matéria sobre a Brasília dos 60 anos. A capital da República seria transformada em um paraíso, sob a ótica do governador Agnelo Queiroz.
Notibras errou. Tudo o que se disse ao repórter, à época, não passava de uma farsa. E a verdade agora vem à tona. Agnelo vendeu uma ilusão. Ele apenas projetava engordar sua conta bancária.
O governador abriu os cofres do Palácio do Buriti para pagar uma consultoria à Jurong Consultants, de Cingapura. Foram quase 9 milhões de dólares para desenhar a Brasília do futuro.
Mas no fundo, o projeto de um pseudo visionário tinha por objetivo presente auferir vantagens pecuniárias para Agnelo Queiroz e um grupo de sócios anônimos.
Segredos sórdidos rondam toda a negociata. No bojo da proposta para a criação de um suposto Centro Financeiro Internacional em Brasília aparecem planos escusos. O odor fétido da corrupção tomou conta do ar. E quem bancaria dólares e petrodólares afastou-se do Palácio do Buriti.
Criou-se uma empresa em Anápolis, Goiás, para intermediar investimentos externos de 600 milhões de dólares. Pelos serviços prestados, um aglomerado de prepostos de Agnelo Queiroz embolsaria 130 milhões de reais.
Parte do dinheiro iria para a campanha de reeleição do petista. Porém, o bolo sequer entrou no forno e houve um racha. O que seria dividido em partes iguais foi revisto. O capo do negócio inspirou-se em Luiz Gonzaga. Um prá mim, um prá tu, um prá mim. Queria dois terços.
A verdade é que Agnelo Queiroz foi transparente apenas quanto ao contrato com a Jurong. O que havia por trás de tudo isso está sendo investigado pelo Ministério Público e Polícia Federal.
A ideia de descentralizar a Brasília-metrópole que daria lugar à Brasília mega-metrópole acaba de ser sepultada. Nas entrelinhas do projeto a Terracap doaria uma área avaliada em 2 bilhões de reais.
Seria um prejuízo incalculável para a estatal de terras brasilienses. O Palácio do Planalto, que tem participação societária na Terracap, chamou para si a responsabilidade do empreendimento. Mandou parar tudo.
A Brasília dos 60 anos ficou atolada na lama. E Agnelo mais enrolado ainda.
José Seabra