Mariana Damaceno
Depois de mais de 30 anos, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília volta a ter um urso em seu plantel. É a primeira vez, no entanto, que o parque abriga um urso-de-óculos, única espécie característica da América do Sul. Nei, de 8 anos, foi para a área de visitação na tarde dessa sexta-feira (8).
Ameaçada de extinção, a espécie pode ser encontrada nos Andes. Vive, em média, 30 anos e pesa de 70 a 140 quilos. No Brasil, há duas linhagens, uma do Zoológico de Salvador e outra no Parque Zoológico do Rio Grande do Sul. Nei veio dessa segunda família, filho do casal Jabu e Cauca.
Em paralelo, o zoo do DF enviou para o estado gaúcho um lobo-guará macho nascido na instituição brasiliense.
“Eles tinham duas fêmeas sozinhas”, detalha o assessor de Conservação e Pesquisa, da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Igor Morais. “Nós temos a maior população de lobos-guarás em zoológicos do Brasil”, completou.
O canídeo é uma espécie quase extinta no Rio Grande do Sul, e a iniciativa possibilitará a criação de uma nova população do bicho no estado. Morais explica que não se trata apenas de uma troca. “Isso está dentro de um programa de conservação para duas espécies ameaçadas: o lobo-guará e o urso-de-óculos.”
O grande foco é, com a reprodução das espécies, aumentar a diversidade genética. No caso do urso-de-óculos, há o interesse do intercâmbio de Nei com animais em zoológicos da Bolívia. “Vamos ajudar na manutenção dessa população sob cuidados humanos, e, com ela saudável do ponto de vista genético e comportamental, a gente pode ajudar [a recuperar a espécie] em áreas preservadas da Bolívia.”
Outro fator que levou Nei a mudar de cidade foi o fato de o zoológico de origem passar por reforma. Para preservar o bem-estar animal, optou-se por alojá-lo da melhor forma possível.
Em Brasília, o mamífero está em um recinto de 800 metros quadrados, ambientado especialmente com rochas, árvores e troncos para ele escalar. O local ainda receberá tanque d’água, grama e solo específico para o urso escavar.