Todos os dias o menino acordava mais cedo que o Sol naquela chácara na zona rural de Sobradinho. Não importava se o frio estivesse tão frio, ele era arrastado para fora daquela cama puída. Que frio!!! Tão frio, que era capaz até de congelar os dedos quase infantis, apesar da vida demasiadamente calejada.
Apertava as tetas das vacas, o leite esguichava no balde aos pés rachados, quase descalços, se não fosse por aquela botina cheia de buracos. Dali, o menino acompanhava o pai, que já estava alimentando os porcos. Depois tratavam das galinhas, remendavam a cerca, cuidavam da horta.
Chegava o domingo, o menino rezava para não precisar se levantar tão cedo. Não que fosse muito religioso, mas gostava de ir à igreja, onde podia adormecer por alguns instantes no colo da mãe.
– Pai, por que a gente precisa trabalhar no domingo?
– Filho, porco e vaca não vão à missa!