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Neurodivergência, uma doença ainda sem patologia definida

O intelectual, não importa o grau de prestígio ou inserção acadêmica que tenha, é sempre visto com grande medo, inveja e certo ódio. Pensar com a própria cabeça é uma abominação a um só tempo execrada e desejada. E não é algo que necessariamente tenha a ver com os títulos que um sujeito tenha, sobre a sua erudição e o tamanho de sua biblioteca.

De fato, os maiores odientos de pessoas definidas aqui como intelectuais são burocratas muito desprovidos de inteligência que costumam colecionar muitos títulos e brutamontes cínicos e farsantes que se dedicam a ressumbrar uma falsa erudição sem pensamento. Esses sabem, no fundo, que são apenas farsantes insensíveis e descerebrados.

Sem querer impor nenhuma medicalização à inteligência, imagino apenas como metáfora que pensar com a própria cabeça talvez seja uma espécie de neurodivergência. Uma doença útil e odiada o bastante para não ser tratada e sequer mencionada como uma patologia.

Felizmente, algum Deus muito sensato e gozador fez com que algumas expressões de seres muito inteligentes se pareçam muito com certo retardo ou ingenuidade, especialmente para outros tantos incapazes de terem discernimento suficiente para compreenderem sua própria estupidez.

Há nisso tudo uma deliciosa ironia: a burrice é burra o bastante para não compreender a si própria. Mas, um sujeito ou sujeita providos de uma mente e uma sensibilidade capazes de pensar, podem parecer à burrice como um tipo de idiota. Portanto, se você tem algo em sua mente, finja-se de estúpido para não ser destruído ou difamado. Eles não vão perceber.

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@claudiocarvalhoautor é colaborador permanente do Café Literário e eventualmente produz textos para outras editorias de Notibras

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