O atacante Neymar fez valer a camisa 10 de Pelé. Mas bem que pode vestir qualquer número dos jogadores que jogam lá na frente. Maior estrela de um time que carrega a enorme pressão de jogar em casa, o astro da seleção cria, contra-ataca e marca gols. Um “faz-tudo” que, ao contrário do que supõe a cultura popular, faz tudo muito bem. Nesta quinta, na abertura da Copa do Mundo, ele fez o que lhe cabia e foi decisivo na vitória por 3 a 1 sobre a Croácia.
Em sua estreia em Copas do Mundo, Neymar fez o gol de empate da seleção, roubou a bola mordendo os rivais, participou ativamente da criação e decidiu na hora do pênalti. Contrariou a máxima do pato, que nada, anda e voa, mas tudo de forma atrapalhada. Neymar pode até não ter tido a tarde mais precisa da carreira, mas começou sua história na competição mais importante do futebol convencendo.
Acostumado a ser o centro das atenções, Neymar começou o jogo longe do foco, que ficou todo para Marcelo depois do gol contra aos 10 minutos. O camisa 10, a essa altura só havia arriscado um drible em Rakitic, seu futuro companheiro de Barcelona, sem sucesso. Seu momento ainda demoraria a chegar. Antes disso, Neymar ainda correu um risco desnecessário acertando uma cotovelada em Modric, recebendo o cartão amarelo pelo lance.
A primeira aparição de Neymar com a bola foi em um contra-ataque, como cabe ao ponta que ele costuma ser. Pela direita, lado oposto ao que costuma jogar, ele partiu para cima da marcação, entrou na área, carregou a bola em cima da linha e tocou para trás. A zaga afastou, mas foi a primeira chance de gol criada pelo Brasil, que parecia abalado pelo gol levado.
Neymar tratou de desanuviar a cabeça da seleção aos 28 minutos. Depois de uma roubada de bola de Oscar, bateu de esquerda, de fora da área, mascada. A bola que tinha tudo para não entrar morreu fraquinha no canto esquerdo do goleiro croata, empatando o jogo e aliviando a pressão no Itaquerão.
Era o Neymar artilheiro dando as caras. Foi o 32º gol do “faz-tudo” em 50 partidas pela seleção. Em quatro anos no time, é o artilheiro absoluto. Para efeito de comparação, Fred, o homem-gol do Brasil, tem “apenas” 18 bolas nas redes, mesmo tendo estreado no meio da década passada.
A essa altura, então, Neymar já havia sido o 11, o 7 e o 9, puxando contra-ataques, driblando e marcando gols. Faltava a ele ser o 10. Foi o papel que ele cumpriu quando o juiz japonês apontou um pênalti inexistente em Fred, aos 25 minutos. Como um autêntico dono do time, o ex-santista colocou a bola debaixo do braço e bateu, garantindo a vitória da seleção.
Foi a primeira vez desde 1990 que um brasileiro marcou duas vezes em uma estreia na Copa do Mundo. O autor do feito, na época, foi ninguém menos que Careca. O público do Itaquerão, mesmo sem saber do dado, reconheceu o feito. Quando foi substituído, Neymar deixou o gramado ovacionado.