Clone de Bolsonaro
Nicolás cair de maduro é a única esperança de paz para o povo venezuelano
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emA leveza das cores, o cheiro das flores e as dores dos amores variam conforme o gosto, o prazer e o olfato do avaliador. Para o ditador Nicolás Maduro não há meio termo. Ou é bola ou é bulica. Em outras palavras, ou ele vence as eleições programadas para este domingo, 28, ou haverá um banho de sangue no país. O próprio já prometeu avermelhar a nação vizinha. Essa é a única hipótese palpável para perdedores que se acham acima do bem e do mal. Por muito pouco o Brasil não viveu situação semelhante no pleito de 2022, quando o aprendiz de ditador articulou, estimulou e moldou um golpe. Com ajuda de autoridades dos três poderes, felizmente o levante fracassou a tempo de o feitiço virar contra o feiticeiro.
Aliviados das pretensões espúrias, nocivas e arbitrárias do tenente que se diz capitão, os brasileiros estão mais felizes, embora ainda sofram com os cacos espalhados pelo antecessor do atual presidente. Apesar do governo caótico que expurgamos, nada do que vivemos chega próximo do que vive a população da vizinha e empobrecida Venezuela. Curioso é que lá também há comedores de bosta na colher, aqueles que sofrem com o caos, mas preferem se sentir felizes com a infelicidade geral da nação.
Desde Hugo Chávez, a ideia da elite venezuelana é retroceder à Idade da Pedra. Tudo a ver com os poderosos do Brasil. A diferença é que, fracassado o golpe de 8 de janeiro de 2023, conseguimos manter o status quo eleitoral. Ainda que baseado na ignorância e na estupidez, elegemos democraticamente centenas de ilógicos, incorretos e incultos políticos, os quais, depois de eleitos, trabalham dia e noite para manter o povo em permanente estágio de letargia. De madrugada, eles apresentam e aprovam projetos para consolidá-los no poder. É o chamado cio da cadela personalista. É do tipo Maduro, cuja foto aparece 13 vezes na cédula de votação.
A tensão está no ar em toda a Venezuela. A perspectiva é que o apodrecido Nicolás caia de maduro. Essa é a grande esperança de paz para os que não querem ser bolivarianos. Ele aceitará a derrota? O daqui não aceitou, não aceita e não aceitará jamais. Por isso, insiste em dizer que lhe tomaram a rapadura. Azar o dele. Quanto a Maduro, o que acontecerá com o provável vencedor? Será que o ditador de lá entregará a empada de graça? Acho que não. Seu prazer pelo poder só não é maior do que sua indiferença pelos compatriotas, alguns em situação de pobreza absoluta. Como a moda brasileira correu o mundo, o risco de invasão e quebra-quebra de prédios públicos é iminente.
Com certeza, a cantilena contra o sistema eleitoral voltará à baila. É a prática comumente utilizada pelos maus perdedores para tentar contrariar a soberana vontade do eleitor. Que os venezuelanos também tenham aprendido coisas boas com os brazucas, entre elas o ímpeto de reagir às baboseiras de governantes incapazes e cruéis, mas soberbamente amargos pela dificuldade de agir como seres iguais aos que os venceram. Oxalá, os venezuelanos copiem a maioria dos brasileiros, votem com convicção e voltem a ser o que sempre foram: um povo do bem, com pressupostos progressistas e, principalmente, sem o domínio do mal. A eleição é uma incógnita, mas torço para que, em lugar do banho de sangue, a Venezuela durma esta noite banhada pelo cheiro das flores e colorida pelas cores da democracia.
*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras