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Nimrod do Cerrado troca prática do bom jornalismo por vocabulário chulo

Brasília está assistindo, abismada, a fuga das regras do bom jornalismo, da boa educação e, pior, a mistura, num saco de farinha sem fundo, de alhos com bugalhos. É lamentável que no vasto campo da comunicação, surja o “Nimrod do Cerrado”, personagem antes premiado, hoje tão peculiar quanto desconcertante, que parece desafiar todas as convenções da ética jornalística.

Ao que se observa, ele abandona a precisão informativa, substituindo-a por um vocabulário que transborda expressões toscas e desaforadas. Sua linguagem é permeada por termos chulos, quase como se quisesse afastar o leitor pelo choque em vez de atraí-lo pela persuasão.

No entanto, o Nimrod vai além: ele desestrutura a clareza e o rigor jornalístico ao “misturar alhos com bugalhos” – uma expressão perfeita para descrever como seus textos embaralham as fronteiras entre o real e o absurdo, entre o relevante e o fútil. Em vez de fatos bem apurados, surgem anedotas despropositadas e comentários opinativos jogados sem direção.

O curioso é que, apesar da falta de educação formal e da linguagem bruta, Nimrod possui seu público cativo. Muitos o seguiam pela originalidade e pela audácia com que desafia o status quo do jornalismo clássico, começam a lhe dar as costas. Para esses leitores, ele personifica um grito de rebeldia inexistente, um eco de inconformismo do Cerrado que não tem passagem pelos poderes instalados na outra extremidade do Eixo que sedia, numa ponta, a Praça dos Três Poderes. Talvez, sem sequer saber, Nimrod esteja reescrevendo uma nova e, quem sabe, indigesta crônica do jornalismo contemporâneo.

O bê-a-bá é histórico, e a pergunta permanece: até onde a liberdade narrativa pode ir antes de dissolver completamente o compromisso com a verdade e com o respeito, atingindo um mercado e cidadãos que merecem respeito?

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