Dia de praia
Ninica, ativa, sempre dava fôlego à vida corrida
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emHouve um tempo em que a minha vida era tanta correria, que a última coisa que eu conseguia desfrutar era um dia de descanso. Nessa época, eu fazia medicina veterinária na Rural (UFRRJ) durante o dia inteiro, de onde corria direto pro Banco do Brasil. Saía do trabalho quando a madrugada já não era nenhuma menina e, então, ia pra casa, onde mal conseguia tirar uma ou duas horas de sono, pois precisava correr de volta pra assistir às aulas.
Quando chegava sexta-feira, já sabia que seria o último dia de estudo e trabalho, mesmo que tudo fosse se repetir na semana seguinte. Isso, aliás, me trazia uma sensação de bem-estar, como se meu corpo já estivesse programado para desligar disso tudo para, assim que chegasse ao lar, doce lar, pudesse tomar um banho e me esparramar na cama, sem hora pra acordar. Que sensação maravilhosa era aquela!
Pois bem, lá estava eu sonhando os sonhos mais lindos, quando, depois de um tempo, percebo alguém sobre meu peito, que não parava de futucar meu nariz. Ainda cismo em tentar não dar atenção para aquilo, já que os meus sonhos pareciam muito mais aconchegantes. Todavia, aqueles insistentes dedos miúdos não me davam trégua.
Finalmente abro os olhos e, então, a primeira coisa que vejo é o sorriso de poucos dentes da minha filha, a Ninica, que, no auge dos seus quase dois anos, diz eufórica: “Acordou! Vamos à praia?”