Nair Assad, Edição
Interessados por arquitetura e design, o cineasta Pedro e o geógrafo Vladimir compraram o apartamento de 140 m² atraídos pelas características modernistas do prédio, projetado na década de 1950 pelo escritório Botti Rubin, nos Jardins, SP. Para adequá-lo ao estilo de vida atual, eles encomendaram a reforma ao escritório Zoom.
“Partimos dos pontos fortes do edifício para criar um projeto contemporâneo para o jovem casal”, diz o arquiteto Guilherme Ortenblad, sócio-fundador do escritório. “Um deles é o pano de vidro na fachada frontal com uma sequência de janelas, tipo guilhotina, que valorizamos na obra”, conta a arquiteta Kathleen Chiang, coordenadora do projeto.
O primeiro passo foi a demolição de praticamente todas as paredes para aproveitar melhor a entrada de luz natural. Em seguida, houve a redistribuição dos ambientes que ficaram amplos e integrados.
Na reorganização dos espaços, os arquitetos projetaram dois eixos, social e de serviço, que se conectam. A remoção de dois quartos na fachada da frente abriu grande área para ampliar o living, que agora ocupa a largura do apartamento. Na fachada dos fundos, a sequência de janelas igual à da frente levou à instalação de um tipo de varanda integrada à cozinha, que dá acesso às duas suítes: a do casal e a de hóspedes.
“Como Pedro trabalha em casa, os moradores queriam a área íntima bem definida e protegida. A eliminação da entrada de serviço permitiu a criação da suíte de hóspedes onde eram a lavanderia e a cozinha e da circulação privativa nos fundos”, explica Kathleen.
Os moradores pediram espaços funcionais entre as áreas social e íntima. Em função disso, a lavanderia foi para dentro de um volume de madeira, ao lado da suíte do casal. Atrás de portas de muxarabi ficam o varal, o tanque e a máquina de lavar roupa.
O mesmo volume guarda a geladeira com portas que se abrem para a cozinha. O casal quis muitas prateleiras para guardar livros consultados com frequência. “Criamos as estantes que, assim como outros elementos, transbordam de um ambiente para o outro dando unidade visual”, diz a arquiteta.
Um traço marcante do projeto é a linguagem industrial com peças de concreto e metálicas que são comuns em obras e se repetem nos ambientes. “Após descascar as colunas e as lajes para exibir o concreto, o reproduzimos na banheira e nas bancadas moldadas no local”, conta Guilherme, que extrapolou o uso do material ao desenhar a estante de vergalhões.
“É como se tivéssemos subtraído o concreto deixando o vazio”, explica ele. “Nossa intenção é sempre jogar com cheios e vazios, claros e escuros”,afirma Kathleen. “A transparência, como a do painel de policarbonato no fechamento do lavabo, e os volumes vazados deixam a luz fluir pelo apartamento inteiro”, conclui ela.