No começo, eram os chuviscos. E tínhamos TV transmitida de apartamento
Publicado
emJosé Escarlate
Brasília teve, nos anos 60, uma emissora de televisão instalada em apartamento da Asa Sul. Era a TV Alvorada que funcionou provisoriamente em um apartamento no 6º andar da quadra 104 Sul, retransmissora da TV Rio, que pertencia a João Batista do Amaral, sobrinho de Paulo Machado de Carvalho, dono da TV Record.
Era dirigida pelo amigo Leonel, cujo sobrenome me escapa. Em 1965, pressionada pelo governo, devolveu o imóvel, indo para o Setor de Radio e TV Sul. Para a inauguração de Brasília, dia 21de abril de 1960, foi formado um link envolvendo as três emissoras da capital.
A TV Alvorada recebeu um caminhão de externas e um aparelho de VT da TV Rio/TV Record. A Tupi fez um link sofisticado. Mandava o sinal para um avião que o repassava para outro – ambos com micro-ondas e parabólicas -, enquanto uma antena receptora transferia o sinal para TV Itacolomi de Belo Horizonte. Depois, por terra, o sinal seguia para a Tupi do Rio e, repassando a Serra do Mar, alcançava a TV Tupi de São Paulo.
Por causa da distância dos aviões e falta de tecnologia, as imagens chegavam distorcidas, com chuviscos. À noite, porém, eram mais perfeitas. A terceira emissora era a TV Nacional, que transmitiu a grande festa, mas que só foi inaugurada na noite do dia 4 de junho, pelo presidente JK, com direito ao Hino Nacional e ao Peixe Vivo. A TV Globo ainda era um sonho.
No dia 5 de junho, a Nacional produziu seus primeiros programas, na W-3 Sul. Com o humorista Dedé Santana e sua mulher a atriz Ana Rosa, o cantor Fernando Lopez, o “Milongueiro”, e o Encontro Musical Bossa Nova, direção de Gerly Rodrigues, tendo ao violão, Dilermando Reis.
Também, nesta época, surgiram programas de auditório apresentados por Wanderley Mattos, especialmente para crianças. Peças de teatro (ao vivo) foram encenadas pela artista Shirley (mãe da coleguinha Ana Paula Padrão). A grande orquestra Nacional tinha à frente os maestros Kolman e Radamés Gnatalli.