Dizem que essa história aconteceu em uma fazenda lá em Padre Bernardo, no Entorno de Brasília, para onde teriam ido um casal e sua filha pequena. A propriedade era cercada por dois riachos, que se juntavam em determinado ponto e corriam abraçados a partir de então.
Os visitantes, na varanda da casa, não conseguiam avistar as águas lá embaixo, mas ouviam, encantados, o famoso ronco dos bugios, que saltavam entre as copas das enormes árvores à margem.
Como o tempo estava muito seco, resolveram descer a ribanceira para um banho refrescante. Durante a caminhada, a menina corria à frente, sempre acompanhada pelos olhos atentos da mãe. Já o pai parecia mais preocupado em não perder o equilíbrio naquele chão cheio de pedrinhas soltas.
Tudo transcorria dentro do que podemos chamar de normalidade, até que o marido avistou uma cobra esticada no meio do mato. Ele, que havia aprendido a diferenciar as peçonhentas, constatou que aquela não era venenosa. Então, sob os
olhares atentos da esposa e da filha, deu um leve puxão no rabo do réptil, que, assustado, se embrenhou no capim seco. Todo orgulhoso do feito, o homem estufou o peito e fez uma pergunta para a filha.
– Você viu o papai pegando no rabo da cobra?
– Rabo? Ué, pensei que cobra fosse tudo rabo.