Não me canso de dizer que cada indivíduo é um Universo à parte. Mas ao mesmo tempo não pode se desvincular de um grupo maior, que acaba por se tornar um ser vivo. Sim, o indivíduo é uma célula que forma um organismo que denominamos de “sociedade”. Há vários indivíduos formados pela união de pessoas, cada um com suas peculiaridades. Por mais estranho que pareça, o ser humano não é capaz de sobreviver se não estiver agregado a algum tipo de grupo que o proteja, que lhe dê amparo, um norte para sua vida…
Embora cada um viva seu próprio destino, pois não existe a possibilidade de terceirizar as situações pelas quais deverá passar, ainda assim presta contas ao grupo maior, do qual se considera parte. Devemos notar que normalmente o indivíduo faz parte de vários corpos ao mesmo tempo, embora sua ação dependa do momento vivenciado. Não devemos nos esquecer que existem vários núcleos sociais interligados e a ação do indivíduo está vinculada a todos eles… todos exercem influência sobre a pessoa…
Tudo começa ainda no berço, quando a lousa em branco que é o cérebro do bebê vê, de repente, as primeiras informações que lhe são passadas. Os pré-conceitos inseridos em um primeiro momento servirão de base para outras informações que receberá durante sua caminhada por este plano, onde visitará diversos núcleos sociais, se filiando àqueles que mais se alinhem a sua forma de pensar… que foi formatada lá no início de sua jornada, ainda na infância…
Embora a família seja o primeiro núcleo social ao qual o indivíduo é inserido, de forma alguma é a principal, a que realmente influencia os caminhos que esta pessoa deverá seguir. Pois de forma alguma ela terá controle sobre as ideias e anseios da mesma. Muitas vezes a identificação do indivíduo para com esse núcleo familiar simplesmente não existe. Em determinado momento o grupo passa a ser apenas um aglomerado de pessoas, sem nenhum tipo de vínculo entre eles. É um grupo de pessoas desconhecidas, embora convivam sob o mesmo teto… uma não faz ideia dos anseios da outra, mesmo que estejam juntas a anos…
Os anseios e desejos da pessoa não importam. Afinal, para que a sociedade consiga atingir seus objetivos, cada um deve seguir seu papel, determinado no momento em que chegou a esse plano. E, se em algum momento o cidadão se rebelar contra o “Status Quo” e resolver ser ele mesmo, sem se importar com o que os outros pensem ou digam, na melhor das hipóteses será taxado de louco. De qualquer forma, será marginalizado e todos aqueles que gravitam ao seu redor tentarão fazer com que “retome a razão”, voltando a fazer parte do mecanismo que determina os caminhos seguidos pelo grupo…
Não podemos, nem devemos ser nós mesmos, segundo os conceitos definidos pela sociedade. Devemos representar um papel e não podemos, de forma alguma, fugir do roteiro que nos foi entregue lá no início de nossa jornada. Tomar a pílula vermelha e de repente rebelar-se contra o sistema e viver como realmente deseja é proibido. Não importa o quanto você contribuiu para o grupo, não importa o quão reta seja sua vida. No momento em que você determina que viverá de acordo com suas convicções, todos ao seu redor te olharão de lado… você deixou de ser a pessoa que conheciam…
Os comentários de conhecidos são mais importante que a sua felicidade. Comentários de pessoas com as quais você cruza todos os dias e troca um bom dia de vez em quando passam a ser mais importantes para seu núcleo familiar que suas ações. Seus familiares simplesmente se esquecem que o apoio que recebem vem de você e não daqueles que destilam seu veneno contra sua pessoa. Você está denegrindo a imagem sagrada da família. E por isso deve ser expurgada…
Triste essa realidade, não é mesmo? As pessoas se esquecem que sua forma de se vestir, de agir, não tem nada a ver com suas ações. Elas simplesmente veem a superfície do lago e se sentem machucadas por você não corresponder à imagem que consideram ideal. E a partir daí, passam a agir diferente contigo, exigindo que volte novamente a fazer parte do ser denominado “Sociedade”… te querem dormente, fazendo parte da “Matrix” uma vez mais…
A solução para isso? Simplesmente não existe. Conceitos e preconceitos fazem parte de nossa sociedade, desde o momento em que nascemos até o dia em que partimos para o outro plano. Nossa existência por aqui é rápida… e muitas vezes não temos a chance de sermos nós mesmas… somos proibidas de procurar a felicidade de acordo com nosso coração.
Afinal, a Sociedade exige que sigamos sua cartilha e, se assim não o fizermos, não importa o quão façamos pelo grupo, deveremos ser marginalizadas…