O mar de lama em que a Petrobras chafurdou há oito meses não para de crescer. E no horizonte não há sinais do seu fim. O que se vê é o total desmoronamento da empresa que chegou a ser orgulho nacional.
A presidente Dilma Rouseff, neste final melancólico do seu primeiro governo, e no início do seu segundo mandato, em 1° de janeiro, terá de conviver com o turbilhão provocado pela mega corrupção que tomou conta da maior empresa do Brasil. Existem sérios riscos das investigações em andamento chegarem ao Palácio do Planalto.
Executivos de empresas consideradas entre as maiores do país ficaram presos em Curitiba, onde estão concentradas as ações da Operação Lava- Jato, sob a coordenação do juiz federal Sergio Moro.
São fortes os indícios de que políticos de envergadura, que sempre disseram “amém” aos governos do PT – 8 anos Lula e 4 anos Dilma – estão envolvidos até o pescoço nas maracutaias da Petrobras.
Nenhum nome até agora foi revelado porque parlamentares e autoridades se escondem sob o beneficio constitucional do foro privilegiado, ou seja, eles só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
O ministro designado relator do processo, Teori Zavascki, determinou sigilo total. Certamente, em algum momento, o processo irá a julgamento no plenário da Corte, quando então se ficará sabendo quais os políticos processados. Fala-se em 80, deputados, senadores, governadores e ex-ministros. Havendo punições, elas baterão no Congresso Nacional nos casos de cassação de mandatos.
A presidente Dilma Rousseff, na Austrália, disse que “esse não é o primeiro escândalo”, frisando: “Agora ele é o primeiro escândalo investigado. Ele vai mudar o Brasil para sempre.”
Para a oposição, a presidente se apropria inadequadamente da atuação da Polícia Federal, do Ministério Público e Justiça Federal para se esquivar de suposta responsabilidade, já que estava no Governo Lula, quando comandou o Ministério de Minas e Energia (2003- 2005) e a Casa Civil (2003-1010).
“A presidente Dilma foi de cinismo sem tamanho. Ela não tomou nenhuma providência durante tantos anos de desfalque na Petrobras, que foi usada para abastecer políticos da base aliada. Não se viu nenhuma ação dela para combater essa corrupção”- disse o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR).
Outra omissão é registrada pela sociedade brasileira. É a ausência de reações populares aos assaltos à maior empresa brasileira. Onde estão os sindicatos? Os estudantes? A UNE os “caras pintadas”? Os movimentos populares? No passado, “o petróleo é nosso” foi defendido pelo povo nas ruas.
Cláudio Coletti