Amanhecer
No vazio escuro da alma que chora existe sempre a certeza do renascer da luz
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Escondido atrás das madrugadas frias, mora o amanhecer. O tempo é uma tela de tons murchos, envelhecidos. A luz adormeceu profundamente num longo inverno, perdido no vazio do céu escuro e triste.
As noites sem lua criam sombras infinitas; os dias sem sol são como meu coração sem o amor da minha vida.
As horas passam com a lentidão de um relógio quebrado, que pende solitário na parede do sobrado.
Um eco suave de uma canção no rádio ao lado me lembra que a saudade anda descalça em minha alma congelada.
Sem meu amor, as noites parecem infindas: a lua não brilha, e os faróis deixam os marinheiros sem norte no mar silencioso.
A brisa não acaricia rostos, o rio chora ao bater nas pedras; tudo é uma escuridão que devora minha alma.
O dia se esconde na tarde que nunca chega. Apenas um céu cinzento se revela; mas a noite pode vir em silêncio. Um vazio rasga a alma que chora, nutrindo a esperança de que, após a sombra, uma luz renasça.
