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Nômades sentiam calor do Rio 40º há 4 mil anos, afirmam arqueólogos

Vestígios de ocupação humana de 3 mil a 4 mil anos foram encontrados em escavações do metrô na região central da cidade do Rio de Janeiro. Os restos de um sambaqui (são resquícios de ocupações de povos coletores e caçadores) foram descobertos por arqueólogos, em meio a material escavado em 2013, no canteiro de obras da Linha 4, no bairro da Leopoldina.

Pelo menos 50 artefatos de pedra pertencentes a grupos nômades de coletores e caçadores já foram catalogados pela equipe liderada pelo arqueólogo Claudio Prado de Mello. Entre os itens encontrados no terreno do metrô estão pontas de lanças de caça, raspadores usados para cortar a carne do animal, machadinhas e batedores (que funcionavam como martelos primitivos).

Segundo Mello, acredita-se que o sambaqui estivesse originalmente em um pequeno morro na própria Leopoldina, mas acabou sendo movido para o terreno do metrô depois que a colina foi arrasada para aterrar a região no final do século 19.

O arqueólogo diz que, antes de ser aterrada, a Leopoldina era uma região pantanosa, propícia para a ocupação temporária de povos que viviam da caça, pesca e coleta. “Regiões pantanosas, mangues, locais alagados são os locais principais escolhidos pelos povos primitivos não agricultores para ocupação temporária”, disse Mello.

O material ainda será analisado com mais profundidade para tentar descobrir detalhes sobre o povo que fabricou esses artefatos.

As escavações no metrô já foram concluídas, mas todo o material foi recolhido e armazenado em um depósito. Aos poucos, esse material arqueológico vem sendo pesquisado e catalogado. No mesmo terreno da obra, onde já funcionaram uma estação de trem (Alfredo Maia) e o Matadouro Imperial, também foram encontrados materiais usados pela família imperial, como porcelanas, cachimbos e até uma escova de dente que teria pertencido ao imperador dom Pedro II.

Vitor Abdala, ABr

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