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Ritual no Réveillon

Nordestino mantém tradição de pular ondas desafiando o tempo e promovendo esperança

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Autor/Imagem:
Karolyne Alcântara - Foto Produção de Irene Araújo

No instante mágico em que o relógio marca meia-noite e o ano se renova, as praias brasileiras, em especial as do Nordeste, se transformam em palcos de um ritual singular: pular as ondas do mar. Essa tradição, que transcende gerações e diferentes crenças, une multidões em um gesto de fé, esperança e conexão com algo maior.

Vestidos de branco, carregando flores ou apenas os próprios desejos, homens, mulheres e crianças adentram o mar com reverência. A água salgada que molha os pés parece carregar o peso do ano que passou, enquanto as ondas que chegam representam as novas oportunidades, ainda por descobrir.

O ato de pular as sete ondas não é apenas um gesto simbólico. Para muitos, é uma forma de pedir proteção, sorte e sucesso no ano que começa. Cada salto é uma promessa silenciosa, uma meta, um sonho que se quer realizar. Há quem veja nas ondas uma metáfora para os desafios da vida: enfrentá-las com coragem, mesmo quando parecem maiores do que nós.

Embora a origem da tradição esteja ligada a práticas religiosas e culturais de matriz africana, como os rituais de oferendas a Iemanjá, o costume se tornou popular e ganhou diferentes significados. Hoje, não importa tanto a crença ou a religião; o que importa é a intenção.

O curioso é como essa tradição resiste ao tempo. Em um mundo cada vez mais tecnológico e acelerado, onde aplicativos prometem prever o futuro e algoritmos desenham cenários, ainda buscamos no encontro com a natureza o conforto de algo ancestral. O mar, com sua força bruta e serenidade ao mesmo tempo, nos lembra de nossa pequenez e, paradoxalmente, de nossa capacidade de sonhar grande.

Assim, ao fim de mais um Réveillon, quando as ondas se acalmam e o céu se ilumina com fogos de artifício, fica a sensação de que, pelo menos por alguns minutos, acreditamos no poder da renovação. E, talvez, seja essa crença compartilhada que realmente antecipa o sucesso: a força coletiva de tantas pessoas desejando, ao mesmo tempo, um futuro melhor.

De minha parte, aqui de Sergipe, torço para que venham mais ondas, mais saltos e mais anos para celebrar o sucesso.

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