No domingo, 2 de fevereiro, as praias do Nordeste se transformarão em um imenso altar de areia e mar. De Salvador a São Luís, o povo se reunirá de branco, as mãos cheias de flores, perfumes e esperanças. A cada onda que rebenta na beira, um pedido, um segredo, um agradecimento. O azul prateado do oceano refletirá as velas acesas, que tremulam ao vento como pequenos faróis de fé.
Nos barcos improvisados, as oferendas seguirão o caminho das correntes, levando promessas e débitos espirituais para as mãos da Rainha do Mar. Haverá quem cante pontos de umbanda, quem murmure orações baixinho, e quem apenas contemple, em silêncio, o infinito liquefeito diante dos olhos.
O pescador, que conhece o humor das águas, também fará sua reverência discreta. Mandará um pedido simples: que o mar seja generoso, que devolva mais peixes que sustos, mais fartura que tormentas. As mães levarão seus filhos, ensinando a tradição que mistura fé, cultura e resiste ao tempo.
No final da tarde, o horizonte engolirá o sol e o céu se vestirá de um azul mais profundo. As ondas recolherão os vestígios da festa e o mar, com seu mistério de eternidade, decidirá o destino das oferendas. Em terra, fica a certeza: Iemanjá ouviu pedidos. E atenderá.