Noruega, Irlanda e Espanha decidiram reconhecer oficialmente a condição do Estado palestino. Israel reagiu ameaçando romper relações diplomáticas com esses três países. O primeiro passou foi convocar seus embaixadores a Tel Aviv.
“O governo norueguês decidiu que a Noruega reconhece a Palestina como um Estado. No meio de uma guerra, com dezenas de milhares de mortos e feridos, devemos manter viva a única alternativa que oferece uma solução política tanto para israelenses como para palestinianos: Dois Estados, vivendo lado a lado, em paz e segurança”, disse o primeiro-ministro Jonas Gahr Støre nesta quarta-feira, 22. Ele acrescentou que o povo palestino tem o direito fundamental à autodeterminação.
“Tanto os israelenses como os palestinos têm o direito de viver em paz nos seus respectivos estados. Não haverá paz no Oriente Médio sem uma solução de dois estados. Não pode haver uma solução de dois estados sem um estado palestino. Por outras palavras, um Estado palestino é um pré-requisito para alcançar a paz”, afirmou o primeiro-ministro.
O premiê da Irlanda, Simon Harris, também confirmou numa conferência de imprensa que a Irlanda reconheceu um Estado palestiniano, com uma medida semelhante anunciada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
O movimento palestino Hamas saudou as declarações da Noruega, Irlanda e Espanha sobre o reconhecimento da Palestina como um Estado.
“O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) saudou o anúncio da Noruega, da Irlanda e da Espanha de reconhecer o Estado da Palestina”, disse o movimento num comunicado, considerando este um passo importante para o estabelecimento do direito dos palestinos à sua terra e a criação de um Estado palestino independente com capital em Jerusalém.
Israel reage
O Ministro dos Negócios Estrangeiros israelense ordenou a retirada dos embaixadores da Irlanda, Noruega e Espanha para consultas sobre a decisão dos países de reconhecer o Estado palestino.
“O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, ordenou a retirada do embaixador na Espanha para consulta e a convocação dos embaixadores da Irlanda, Espanha e Noruega (em Israel) para uma conversa com reprimenda, durante a qual assistirão a um vídeo do sequestro de mulheres militares pessoal (responsável pelo monitoramento da fronteira com a Faixa de Gaza)”, afirmou o ministério em comunicado.
Katz publicou mensagem no X, dizendo: “Estou enviando uma mensagem clara e inequívoca à Irlanda, Espanha e à Noruega: Israel não permanecerá em silêncio diante daqueles que minam a sua soberania e põem em perigo a sua segurança”.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, disse no final de março que Madri tinha chegado a um acordo com a Irlanda, a Eslovénia e Malta para dar os primeiros passos no sentido do reconhecimento do Estado da Palestina para promover o processo de paz. Posteriormente, as nações emitiram uma declaração conjunta, na qual expressaram a sua disponibilidade para reconhecer o Estado da Palestina nas “circunstâncias certas”.
Os palestinos procuram o reconhecimento diplomático do seu Estado independente nos territórios da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, que está parcialmente ocupada por Israel, e na Faixa de Gaza. O governo israelense recusa-se a reconhecer a Palestina como uma entidade política e diplomática independente e constrói colonatos nas áreas ocupadas, apesar das objeções das Nações Unidas.
Até agora, o Estado da Palestina tinha sido reconhecido por nove estados membros da UE. A Bulgária, Chipre, a República Checa, a Hungria, Malta, a Polónia, a Roménia e a Eslováquia deram este passo em 1988, antes de aderirem à UE, enquanto a Suécia reconheceu o Estado da Palestina em 2014.