Curta nossa página
nlenfrdeitptrues


Asa Norte

Nova moradora do pedaço arranca suspiros com namorado barrigudinho

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Creusa acabara de se mudar para a quadra. No entanto, não tardou, começou a dar o que falar, ainda mais por conta das coxas torneadas, fruto da genética e das pedaladas que a moça dava todas as manhãs antes de se arrumar para o trabalho. Não faltavam pretendentes à mais nova moradora, mesmo porque, até onde se sabia, a mulher era solteira.

Márcio, o mais disputado gatão do pedaço, fazia questão de, sempre que possível, desfilar seu físico apolíneo para o deleite de olhos interessados, fossem de mulheres solteiras, casadas, viúvas, tico-tico no fubá ou de viventes interessados em tirar uma lasquinha daqueles músculos saltados. E não havia quem resistisse quando ele parava e, com aquela voz rouca de cantor de boate, entonava um convite.

— E aí, gata, que tal um cineminha mais tarde?

Até dona Eulália, já passada dos 90 anos, parecia ainda guardar no peito a esperança de ser a escolhida para assistir ao filme em cartaz. Na verdade, ela nem ligaria se fosse uma reprise de uma antiga película B na televisão de tubo. No entanto, o gajo parecia interessado em outra mulher muito mais jovem, justamente a Creusa. Pois é, a Creusa, a mais nova moradora do pedaço.

Disposto e determinado, lá foi o Márcio, na maior cara de pau, investir contra a sua presa. Aconteceu bem ali na fila do pão da única padaria da região. Logo atrás da Creusa, que pediu dois pães.

Quando a moçoila se virou para ir pagar pela mercadoria, eis que o atendente, o velho André, olhou para o Márcio, como se querendo saber qual seria o pedido.

— Seu André, vou fazer que nem a moça bonita. Quero dois pães.

Isso fez com que a Creusa se virasse e encarasse o falastrão. Ela sorriu ironicamente e, troco na mão, foi embora. O Márcio pagou também e saiu desembestado atrás do alvo. Já perto da esquina, abordou a lindona.

— Ufa! Como você anda rápido!

— De vez em quando é preciso, moço.

— Hum! Me chamo Márcio.

— Ok.

— Não vai me falar o seu nome?

— E pra quê?

— Ué, pra gente se conhecer?

— Já conheço muita gente neste mundo, moço.

— Márcio!

— Que seja!

A mulher virou-se e entrou no prédio em frente. O conquistador ficou observando e, encucado, começou a conjecturar. Certamente, é do tipo difícil. Ah, mas deixa comigo que logo, logo ela estará aqui nos meus braços.

Não aconteceu, apesar das outras inúmeras tentativas, inclusive utilizando técnicas que o homem aprendeu na internet. Nada parecia funcionar com a Creusa. Até que, durante o aniversário da Loreta, os dois se encontraram. O problema é que a gatona estava acompanhada de outro homem.

Inconformado, o Márcio foi se lamentar com a Loreta. Gente, o que a Creusa via naquele outro, que era até barrigudo, ao contrário dele, com o abdome cheio de gominhos? Um disparate!

Os meses passaram, e parecia que o namoro da Creusa continuava firme. Foi aí que o Márcio, num ímpeto de loucura, se ajoelhou na calçada diante da moça.

— Creusa, eu te amo!

— Moço, tenho namorado!

— Hum! Aquele gordinho?

— Moço, um homem sem barriga é um homem sem história.

…………………….

Eduardo Martínez é autor do livro 57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’

Compre aqui 👇🏿

https://www.joanineditora.com.br/57-contos-e-cronicas-por-um-autor-muito-velho

+102
Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.