Os livros de ciências do ensino médio em todo o mundo descrevem o núcleo interno da Terra como uma bola esférica e lisa de ferro endurecido. Mas as próximas edições vão mudar, porque um novo estudo de sismólogos da Universidade de Utah revelou que não é assim que o núcleo interno da Terra se parece.
Depois de analisar dados sísmicos de 2.455 terremotos, o autor do estudo, Guanning Pang, diz que o núcleo interno da Terra realmente se assemelha a uma “tapeçaria texturizada”.
Os pesquisadores examinaram dados sísmicos de uma rede mundial de instrumentos de detecção criados para detectar explosões nucleares subterrâneas. O equipamento extra sensível foi usado para medir as diferenças nas ondas sísmicas depois que elas ricochetearam no núcleo da Terra.
No entanto, em vez de serem consistentes como seria de esperar com uma bola lisa e homogênea, as ondas voltaram modificadas, indicando que o núcleo não é tão liso quanto se pensava.
“Esse sinal que volta do núcleo interno é realmente minúsculo. O tamanho é da ordem de um nanômetro”, explica o sismólogo Keith Koper, da Universidade de Utah, que supervisionou o estudo. “Portanto, esses ecos e reflexões incipientes são muito difíceis de ver”.
Quanto mais as ondas penetravam no núcleo, mais pronunciadas eram as distorções, o que implica que as ondulações se tornam mais pronunciadas quanto mais fundo você for.
“Pela primeira vez, confirmamos que esse tipo de heterogeneidade [que o núcleo não é uma massa uniforme] está em toda parte dentro do núcleo interno”, disse Pang.
Estudos anteriores observaram apenas uma única matriz sísmica e mediram apenas partes do núcleo. Isso levou Pang e outros pesquisadores a suspeitar que o núcleo não era tão uniforme quanto pensávamos inicialmente, e este novo estudo fornece mais evidências de que é esse o caso.
Os pesquisadores também indicaram que é possível que alguma massa de ferro líquido permaneça no centro do núcleo da Terra e que continuará a esfriar e endurecer com o tempo.
O núcleo metálico da Terra é responsável pelo campo magnético que protege nosso planeta da maior parte da radiação cósmica emitida pelo Sol.
Se o campo magnético não existisse ou fosse muito mais fraco, é improvável que existisse vida na Terra, ou seria muito diferente.
Os autores do estudo esperam que as informações sobre o núcleo da Terra forneçam detalhes sobre sua história e formação e, por associação, a formação do campo magnético da Terra. Também pode mudar a maneira como os cientistas pensam sobre o núcleo externo e como o calor do centro da Terra atinge seu manto encrostado.