A agência espacial americana (Nasa) acaba de divulgar novas imagens de Júpiter feitas pela sonda Juno, que passou a orbitar o planeta em julho.
As imagens inéditas mostram em detalhes o turbilhão de nuvens do gigante de gás em ambos os polos de Júpiter – nenhuma missão anterior havia conseguido registrar fotos tão precisas.
Os dados foram capturados por Juno no último fim de semana, quando conseguiu pela primeira vez chegar mais perto do planeta desde que entrou na órbita dele, há dois meses. O sobrevoo fez a sonda ficar a apenas 4,2 mil quilômetros acima da atmosfera multicolorida de Júpiter.
Apesar de os dados ainda estarem sendo analisados, o pesquisador principal da missão, Scott Bolton, do Instituto de Pesquisa de Southwest, afirmou que novas descobertas já são evidentes.
“Conseguimos ver pela primeira vez o polo Norte de Júpiter, e ele não se parece com nada que jamais vimos ou imaginamos. É mais azul nesse local do que em outras partes do planeta, e há muitas tempestades”.
Ainda de acordo com ele, “não há sinais das faixas latitudinais e dos cinturões que estamos acostumados a ver – é difícil de reconhecer Júpiter pelas imagens”.
“O que estamos vendo são sinais de que as nuvens têm sombras, possivelmente um indicativo de que elas estão em altitude maior do que outros elementos”.
O cientista Jonathan Nichols, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, e um dos integrantes da missão, explica que ele e seus colegas estão confusos quanto ao que viram nas imagens.
“A reação da equipe foi de espanto: ‘Olha essas imagens! Elas estão chegando de Júpiter, nós estamos sobrevoando o polo norte pela primeira vez’. É de cair o queixo”.
Quando a sonda Juno chegou a Júpiter, em julho, seus instrumentos e câmera foram desligados. Isso porque era necessária uma delicada manobra do foguete para fazê-la entrar em órbita – e os engenheiros não queriam adicionar a complicação de registrar fotos e imagens ao mesmo tempo.
Mas depois de conseguir orbitar o planeta, Juno sobrecarregou os demais sistemas informatizados, e no sábado teve sua primeira oportunidade de ver mais de perto o universo gasoso de Júpiter.
Uma das ferramentas, uma espécie de aparelho que faz mapeamentos infravermelhos, conseguiu visões únicas da aurora do sul do planeta. Alguns telescópios na Terra já haviam tentando capturar essas imagens, sem sucesso.
Além disso, a ferramenta que registra ondas sonoras capturou a nevasca das partículas se movendo através do forte campo magnético do planeta.
A missão de Juno é investigar os segredos do Sistema Solar ao explicar a origem e evolução de seu maior planeta.
Os instrumentos sensoriais da sonda agora se voltarão para as muitas camadas de Júpiter para medir a composição, temperatura, movimentos e suas propriedades.
Esses dados devem finalmente identificar se Júpiter tem um centro sólido ou se o gás simplesmente é comprimido a um estado ainda mais denso no centro do planeta.
Além disso, a sonda deve oferecer novas pistas sobre a Grande Mancha Vermelha – a tempestade colossal que assola Júpiter há centenas de anos. Juno deve nos mostrar quão profundas são suas raízes.
A espaçonave está atualmente voando em elipse ao redor de Jupiter em um trajeto que dura 53 dias. A próxima aproximação será no dia 19 de outubro, quando a sonda dará ignição no seu motor principal para encurtar esse tempo para somente 14 dias.
Essa será então a configuração até fevereiro de 2018, quando a sonda será comandada a fazer um mergulho autodestrutivo na atmosfera de Júpiter.
Até lá, os especialistas esperam ter construído um conjunto formidável de dados para ajudar a responder as perguntas mais difíceis sobre o planeta.