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Novo que é bom de verdade entra na roda do Quadrado

Carol Carneiro. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Carolina Paiva

“E no entanto é preciso cantar/Mais que nunca é preciso cantar/É preciso cantar e alegrar a cidade…”

Vinícius de Moraes nunca esteve tão vivo. Os brasilienses que o digam. O alerta veio de Noélia Ribeiro, a fã-musa de autores e intérpretes de Brasília, que ela definiu como uma cidade que envelheceu, que está virando uma velha rabugenta (embora sejam tantas as velhinhas boas).

O lado da alegria, da música e do sorriso de Brasília vai aparecer na terça, 24, para mostrar que não é momento de uma ‘Marcha de Quarta-feira de Cinzas’, como escreveu o poeta-diplomata. ‘É preciso que se ouçam canções, que as pessoas passem brincando felizes e que nos corações não haja só saudades’.

Esse lado lúdico que ainda existe em Brasília será apresentado por Emília Monteiro, Larissa Umaytá, Ana Flávia Garcia e Carol Carneiro, estrelas da nova edição do projeto Roda de Autoras, promovido pelo Coletivo Do Quadrado. O grupo se dedica à divulgação e valorização da arte autoral no Distrito Federal. O show, no Teatro Sesc Garagem, vai mostrar a beleza, a diversidade e a energia da arte feminina.

As temporadas do Coletivo Do Quadrado são os momentos ideais para quem quer conhecer ou ver de novo o trabalho autoral de grandes cantores, instrumentistas, poetas, atores, produtores audiovisuais e outros criadores do DF. E na terça-feira não será diferente, promete a turma do Coletivo Do Quadrado.

Confira os perfis das artistas:

Emília Monteiro
Cantora de família amapaense, radicada em Brasília, começou a carreira atuando e cantando, fazendo parte da Companhia dos Menestréis de Oswaldo Montenegro. Sua presença de palco, irreverente e intensa, se destaca pela forte interpretação e entrega, resultando num show quente, excitante, dançante, envolvente e brasileiríssimo, com ritmos como o Marabaixo e o Batuque do Amapá (grande diferencial da artista ), o Carimbó Chamegado e o Lundu do Pará, e o Zouk Love ( ritmo de fronteira entre a Guiana Francesa e Amapá). Seu álbum “Cheia de Graça” nasceu de suas lembranças afetivas e familiares com os ritmos do Norte.

Larissa Umaytá
Está entre os artistas mais requisitados da percussão no Distrito Federal. Criada no meio das rodas de pagode familiares e das cores e sons da tradição popular, ela é neta do Mestre Teodoro, criador do tradicional Boi do Teodoro, de Sobradinho. Nenhum ritmo é misterioso pra ela. Boi, baião, afoxé, samba, ijexá, choro, todos os ritmos brasileiros são evocados com naturalidade pelas suas mãos e pulsam com uma segurança arrebatadora, conquistada também pelo estudo na Escola de Choro de Brasília. Não é à toa que a plateia explode quando a banda diz seu nome (Larissa faz parte de tantas bandas, com tantos sotaques diferentes, que nenhuma cronista consegue acompanhar). Para a Roda de Autoras Do Quadrado, para nossa boa sorte, Larissa Umaytá traz seu primeiro show solo de percussão. Na sua primeira parte, Larissa quer mostrar – com o auxílio da tecnologia, voz, percussão corporal, e até do público – as suas raízes. Na segunda parte, pra quebrar tudo, Larissa chama ao palco os Capivaretas (seus alunos de percussão).

Ana Flavia Garcia
É a artista que dá voz e corpo a Ana Tirana. Ana Tirana, por sua vez, “é a voz que acorda com a macaca, que joga merda no ventilador, que tiraniza os outros quando o bonito é respeitar as diferenças de opinião. É um bufão virtual, aquele que tem o dom da palavra e usa pra tumultuar o senso comum em um bem pequeno território virtual”. Para a Roda de Autoras Do Quadrado, Ana Flávia traz, quem sabe, sua palhaça Geleia. Pode trazer também seu violão e cantar suas ótimas canções desbocadas. Pode ser também que Ana Tirana nos brinde com as suas máximas, que nos orientam no dia a dia conturbado do facebook e da política brasileira.

Carol Carneiro
Com a música no DNA, a artista exerce sua musicalidade desde a infância, vivida no Recife-PE. De volta a Brasília, sua terra natal, dedicou-se ao violão, e principalmente, ao canto e à viola caipira, inspirada nos grandes mestres da música brasileira. Formada no curso técnico em Viola Caipira pela Escola de Música de Brasília, aprofundou seus estudos com Marcus Mesquita e Roberto Corrêa. Pesquisa a música popular brasileira, ambiente em que se inspira para compor suas canções, que transitam entre o forró pé de serra, o samba, o forró brega tradicional, o coco de embolada, o ijexá e outros. Idealizou a banda Roda na Banguela com a qual gravou seu primeiro CD totalmente autoral, em 2012. Atua em carreira solo e também com o grupo Trio Forrózeado. Acaba de concluir a gravação ao vivo do seu primeiro DVD, tendo dirigido musicalmente o show junto com Ocelo Mendoça. Na formação da banda contou com o maestro e acordeonista Marcos Farias – afilhado de Gonzaga e filho da Rainha do Xaxado, Marinês – e com a participação mais que especial de Xangai.

Serviço
Roda de Autoras Do Quadrado. Onde: Teatro Sesc Garagem. Quando: 24 de outubro. Horário: a partir de 19h30. Entrada R$ 20 a inteira, R$ 10 a meia. Classificação indicativa: 14 anos

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