O Conselho de Monitoramento da Preparação Global (GPMB), encarregado de fornecer uma avaliação para os formuladores de políticas e o mundo sobre a capacidade de resposta a surtos de doenças, revelou em seu novo relatório que as chances de uma pandemia global devastadora estão aumentando. No entanto, segundo o órgão, “o mundo não está preparado”. O estudo é patrocinado pela OMS e Banco Mundial.
“Por muito tempo, permitimos um ciclo de pânico e negligência quando se trata de pandemias: aumentamos os esforços quando há uma ameaça séria e depois os esquecemos quando a ameaça desaparece. Já é hora de agir”, aponta o relatório anual, compilado por 15 líderes de saúde pública. Os cientistas advertem que “a ameaça de uma pandemia se espalhando pelo mundo é real”.
Os especialistas em saúde alertam que, no caso de uma pandemia como o notório contágio da gripe de 1918 , 5% da economia global poderá ser exterminada e até 80 milhões de pessoas poderão ser mortas. Pior ainda: os casos farão lembrar a peste negra do período medieval.
“Um patógeno em movimento rápido tem o potencial de matar dezenas de milhões de pessoas, perturbar economias e desestabilizar a segurança nacional”, enfatiza o relatório, apontando que o contágio pode se espalhar dentro de 36 a 50 horas em nosso mundo bem conectado.
Embora o painel de especialistas admita que os avanços científicos ajudaram a combater doenças perigosas, também alerta que existe o perigo de que novos patógenos possam ser criados em ambientes de laboratório.
“Todas as partes da sociedade e a comunidade internacional progrediram na preparação para enfrentar emergências de saúde, mas os esforços atuais permanecem bastante insuficientes”, observou o relatório, também criticando os formuladores de políticas por “falta de vontade política contínua”.
Diz-se que os países mais pobres estão lutando para cumprir os Regulamentos Internacionais de Saúde e carecem de apoio da comunidade global, apesar de, por exemplo, do compromisso do G7.
“A pobreza e a fragilidade exacerbam os surtos de doenças infecciosas e ajudam a criar as condições para que as pandemias ocorram”, afirmou o presidente-executivo interino do Banco Mundial Axel van Trotsenburg, que é membro do painel.
A OMS instou os líderes mundiais a darem sete passos para evitar uma possível crise, inclusive para monitorar a situação, elaborar planos de desastre, aumentar a coordenação na ONU e desenvolver sistemas de preparação , entre outros.