O assassino do pé esquerdo (IV)
Novos policiais entram na investigação, agora na 306 Sul
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emValdir, aposentado há alguns meses, tentou arrumar novo emprego. No entanto, sem muita expectativa de encontrar algum por conta da idade, resolveu faturar vendendo material para reciclagem. Além do dinheiro, também mantinha a ginástica em dia, já que andava pelas quadras da Asa Sul à procura de latinhas, cujo alumínio era vendido a peso de dólar.
Com duas enormes sacolas nas mãos, o homem parecia não estar com muita sorte. Desceu até a altura da 306, quando percebeu algumas latas de cerveja próximas a um contêiner. Eufórico, apressou o passo.
Depois de encher todas as sacolas, ainda deu uma olhada em volta. Nenhuma. Olhou dentro do contêiner e viu uma solitária lata de refrigerante ao fundo. Ergueu o corpo e perdeu o equilíbrio. Por pouco não caiu junto ao lixo. Quase indo embora, observou um saco preto no canto oposto. Sem muita dificuldade, o pegou. O homem desfez o nós e quase caiu duro. Era um pé humano.
Valdir, que não estava com seu aparelho celular, correu até um comércio em frente. Pediu para chamarem a polícia e, menos de uma hora após, lá estavam os agentes Mariane, Pedro, Gustavo e o delegado Hudson. O local estava isolado para que a perícia pudesse realizar seu trabalho de maneira sossegada, apesar do enorme número de curiosos.
Enquanto confabulava com os agentes, Hudson percebeu a aproximação de três sujeitos. O delegado abriu um sorriso por rever, após alguns anos, os agentes Ricky Ricardo, Márcio Pernambuco e Luciano Baiano, com quem havia trabalhado na delegacia de Sobradinho. Feitas a apresentações, o grupo de policiais tratou de ir atrás de pistas. Nenhuma câmera no local, o que dificultava ainda mais a investigação daquele crime.
— Ricky, do alto da sua experiência, o que pensa sobre esse caso? – Hudson perguntou.
— Doutor, o que me intriga é que é sempre o pé esquerdo que é descartado.
— É verdade! Será que tem algo a ver com aquele filme “Meu pé esquerdo”?
— Pode ser, mas creio que o motivo é outro.
— Qual, Ricky? – Mariane quis saber.
— Algo relacionado à superstição.
Todos os policiais olharam pensativamente para Ricky Ricardo, famoso em toda a Polícia Civil por ser o investigador com o maior número de homicídios solucionados em todo o Distrito Federal.
O Capítulo V deste folhetim será publicado na quarta-feira, 24.