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Segundo turno

Números consagram Kassab… direita pensante é maior que Bolsonaro

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Autor/Imagem:
Arimathéia Martins - Foto de Arquivo

O resultado do segundo turno das eleições municipais deste ano consolidou o quadro do primeiro turno. Venceu a direita mais tradicional, perdeu a esquerda convencional e não cresceu como imaginava a extrema-direita Maria vai com as outras, a que é subserviente ao clã Bolsonaro e a todos aqueles que, agindo como capatazes, só pensam no país como feudo. No politiquês escorreito, os partidos que cresceram nas cidades já eram grandes e visceralmente vinculados ao Centrão, segmento da direita que não incomoda desde que esteja aboletado nos governos dos quais supostamente são antagônicos.

Ganhou quem tinha de ganhar, entre eles Gilberto Kassab, o xerifão do PSD, e, em parte, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), patrocinador principal do prefeito paulistano reeleito. Freitas arregaçou as mangas do paletó, afrouxou os cadarços da botina e, pelo menos no estado que governa, mostrou que tem algum peso fora das amarras bolsonaristas. Ele ajudou a reeleger Ricardo Nunes, mas, ainda que tenha se livrado parcialmente do fardo pesado de ser apenas menino de recado do ex-presidente Jair Bolsonaro, provou que pensa e age igual ao criador.

Preocupado com uma improvável reação de Guilherme Boulos, o governador, sem prova alguma, afirmou a jornalistas no local em que votou que integrantes da facção criminosa PCC haviam orientado familiares e apoiadores a votarem no candidato do PSOL. Além de perder a chance de ficar calado, sua língua de trapo pode lhe render muitos dissabores em um futuro bem próximo. Talvez antes mesmo das eleições gerais de 2026, quando deverá concorrer à Presidência da República, em substituição ao mestre inelegível. Embora a relatoria da ação de Boulos contra o governador tenha ficado em mãos amigas, as do ministro Nunes Marques, as barbas do profeta do absurdo Tarcísio de Freitas estão de molho.

Na verdade, a belicosa língua se pôs em banho maria tão logo os ministros do Tribunal Superior Eleitoral manifestaram perplexidade com a insinuação do governador sobre Boulos. Acompanhada do crime de abuso de poder, a lorota oficial configura delito eleitoral e pode render a Tarcísio a mesma inelegibilidade do padrinho político. Até lá, restam três certezas decorrentes do pleito municipal. A mais relevante é a fragmentação do conservadorismo, com a exclusão explícita de Jair Bolsonaro da mesa de decisões dos caciques do centro e da direita menos raivosa. Mais preocupante, a segunda comprovou o desinteresse dos eleitores com os interesses de seus municípios.

A última e definitiva para as pretensões do PL de Jair Bolsonaro e de Valdemar Costa Neto foi a derrota estrepitante em 12 das 15 capitais em que a legenda disputou o segundo turno. Perdeu em Fortaleza para o PT, em Goiânia para o ex-aliado Ronaldo Caiado, em Belo Horizonte para o queridinho de Kassab e, principalmente, em Curitiba, onde o ex-presidente quase fixou residência para apoiar uma neófita na política local. Embora não seja capital, Niterói, a segunda cidade do Rio de Janeiro, empurrou para debaixo do tapete o deputado federal Carlos Jordy, menino da copa e da cozinha do agora líder de um esvaziado cercadinho. A moral da história é mais simples do que somar dois mais dois. A direita pensante e menos colérica é muito maior do que Jair Bolsonaro.

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