Ibaneis sai no lucro
O Centrão como destino e o episódio do complô mortal
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emO recente episódio envolvendo um suposto complô para eliminar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes tem o potencial de marcar um divisor de águas no cenário político brasileiro, especialmente no contexto das eleições de 2026. Mais do que um incidente isolado, ele traz à tona a necessidade de reflexão sobre os rumos da política nacional, apontando para uma mudança significativa na dinâmica eleitoral.
O recado das urnas em 2024 foi claro: a radicalização perdeu espaço para a moderação, favorecendo o Centro ou Centrão, como alguns preferem chamar. Essa tendência evidencia o desgaste das posições extremadas, seja à direita ou à esquerda, e consolida a busca por alternativas que transmitam estabilidade e diálogo.
Embora Jair Bolsonaro ainda detenha um capital político relevante, o fenômeno bolsonarista parece ter atingido o ápice e se encerrado na figura do próprio ex-presidente. Nesse sentido, muitos dos políticos eleitos na esteira de Bolsonaro enfrentam agora um declínio de relevância eleitoral, com dificuldade para se reinventar sem a força gravitacional que ele representava.
No Distrito Federal, esse movimento nacional encontra reflexo direto no enfraquecimento de figuras alinhadas à direita mais extremada, como a senadora Damares Alves e a deputada federal Bia Kicis. Michelle Bolsonaro, por sua vez, embora nunca tenha sido candidata, nutre fortes pretensões de concorrer ao Senado em 2026, mas pode enfrentar dificuldades diante desse novo cenário. Todas elas, em maior ou menor grau, dependeram do discurso bolsonarista em sua ascensão, mas agora enfrentam o desafio de permanecer competitivas em um ambiente que demanda moderação e pragmatismo.
Em contrapartida, o governador Ibaneis Rocha surge como um nome que pode se beneficiar desse novo cenário. Seu nome já é cotado para disputar uma das duas vagas ao Senado em 2026, e o arrefecimento da força eleitoral de Michelle, Damares e Bia tende a consolidar sua posição como favorito entre o eleitorado brasiliense. Ibaneis representa uma abordagem mais pragmática, que busca acompanhar o movimento nacional, adaptando-se ao desejo por um discurso equilibrado e de resultados concretos.
O futuro das eleições, portanto, parece apontar para a valorização de políticos capazes de escapar da classificação de extremistas. Aqueles que souberem ajustar suas narrativas, demonstrando competência e ponderação, terão maiores chances de se destacar. A era da polarização exacerbada dá sinais de cansaço, e a política brasileira começa a flertar com um caminho de maior racionalidade e diálogo.
Assim, o episódio do suposto complô não é apenas um incidente jurídico-político; ele pode servir como catalisador para a reflexão sobre os perigos da radicalização. As urnas de 2026 serão a prova de fogo para essa transformação, testando a habilidade dos candidatos em sintonizar suas propostas com o desejo do eleitorado por moderação e governabilidade. A quem persistir na retórica extremada, o destino pode ser a irrelevância. Aos que souberem se adaptar, as portas do centro político estarão abertas.