É deprimente ver incompreensão, desinformação, deturpação da verdade e má intenção na humanidade. Nestes casos, o agente do mal busca sempre mais riqueza e poder. Em contrapartida, no consequente conjunto de impactados, são colocadas penúria e humilhação. De forma correta, a sociedade tem criado proteções para minorias e, às vezes, para maiorias, desde que estejam sendo maltratadas.
Com muito esforço e luta, a sociedade resgatou, em parte, o direito dos negros, dos homossexuais, das mulheres e dos miseráveis. Estes grupos começam a ter vidas menos sofridas. Mas, falta muito a ser atendido. Busco chegar a determinada tese e, para isso, preciso estudar alguns casos.
Em um grupo conservador, foi feito um debate para se explicar as causas do baixo nível de desenvolvimento brasileiro. Logo, apareceram o “custo Brasil”, a “baixa especialização da mão-de-obra” e a “existência da pobreza, que dificulta a capacidade cognitiva dos trabalhadores”. Sem entrar no mérito, foi lembrado que o desenvolvimento em pauta não era só o econômico, pois existiam também o desenvolvimento social, o político e outros.
Com esta nova abrangência da análise, se não fosse triste, teria sido engraçado ouvir pessoas dizerem absurdos como: “a preguiça de algumas pessoas os leva à condição de extrema pobreza” e “oportunidades existem, vejam, por exemplo, o caso do Ministro Joaquim Barbosa, que de origem humilde chegou a ministro do STF”. Mas, o auge da cretinice ocorreu quando afirmaram que “em qualquer sociedade, têm que existir pobres e, por isso, é uma ilusão imaginar uma sociedade sem pobres”.
Durante estas observações, fiquei pensando: “A quem querem enganar? Porque deve ser difícil alguém pensar assim, honestamente.” Era o caso de se perguntar: “A exploração capitalista, como razão para a geração de pobreza, não conta?” Estive presente neste grupo por uma destas imposições do trabalho que acontecem na vida. Seus membros já tinham o conservadorismo incrustado em suas almas. A pergunta que persiste é: “Como eles foram formados?”
As cortinas se fecham e se abrem na época do Rio+20. Um professor da USP está sendo entrevistado por um canal de televisão e a repórter, que havia sido bem treinada, busca arrancar dele palavras de apoio para a “economia verde”. Em determinado instante, ele disse algo como: “A ganância e o individualismo, característicos do capitalismo, levam a este menosprezo pela natureza. Se tivéssemos um mundo mais solidário com seres mais humanos, a natureza seria preservada naturalmente.”
As cortinas se fecham e se abrem, novamente. Aparece o senhor Paulo Skaf dizendo a frase: “A terceirização é boa para o trabalhador”. Esta frase é um descalabro, mas fiquei esperando algum líder de central sindical ser entrevistado e dizer: “A terceirização é boa para o patrão”. Mas, ele não chegou, porque trabalhador não tem vez na mídia tradicional. O quase nada que o governo Dilma fez nesta área é imperdoável.
É estarrecedor o grau de agressividade dos meios de comunicação. Plagiando o coronel Passarinho, os donos desta mídia devem pensar: “Que o conceito de igualdade de oportunidade na mídia para todos os grupos vá às favas. Vamos deixar de lado os pruridos. A mídia é nossa e nós entrevistamos quem nós queremos.” Obviamente, eles não têm nenhum receio que a concessão de operação da mídia seja revogada. Assim, a mídia é um grande instrumento de ação política a serviço do capital.
Vamos analisar melhor a posição do senhor Skaf. A terceirização proposta por ele pode repercutir desfavoravelmente para a classe que ele representa. Não é só na Física que “a toda ação existe uma reação de intensidade igual e em sentido contrário”. À medida que maiores parcelas da mais-valia dos trabalhadores são retiradas ou eles perdem o emprego, menos comida chega às suas casas, eles não conseguem ter acesso a médicos e hospitais, e outras mazelas ocorrerão. Assim, o nível de angústia da população carente irá aumentar com a terceirização. Não há como negar que, quanto maior este nível de angústia, o cidadão ficará mais propenso a atuar na criminalidade. Não digo que o aflito está liberado para praticar crimes, mas está sendo impelido para a criminalidade.
Desta forma, os que auferiram maiores lucros com a terceirização irão gastar mais com carros blindados, motoristas mais caros, porque sabem lutas marciais, equipamentos novos de segurança para suas casas e guarda-costas para si e os entes queridos. Fora o sobressalto constante que seu sequestro ou de algum familiar representa. O crescimento do índice de Gini, que mede a má distribuição de renda em uma sociedade, causado pela terceirização, significará, em última instância, maior insegurança na sociedade. Nesta hora, o Estado será denunciado, principalmente pela classe rica, como único culpado por não garantir segurança para os cidadãos. Esquecem que não há só a segurança física. Há também a segurança alimentar para os pobres, a segurança da educação para os filhos dos trabalhadores, a segurança do atendimento de saúde para os pobres e, por aí, vai.
Os meios de comunicação corruptos, comprometidos com a manipulação da população, não têm redatores de notícias, têm roteiristas criativos, que devem ficar criando saídas para os constantes furos de quem não têm a verdade consigo. Para a população despolitizada, é difícil, em muitas situações, descobrir onde está a verdade. Por exemplo, no conturbado Grande Oriente, sem querer justificar as injustificáveis ações do Estado Islâmico, tenho dúvida se só eles praticam atrocidades. É difícil saber qual é o mundo real. A única forma de combater a manipulação é identificando alguns articulistas, que são nossas estacas, pois servem como ancoradouro para a população em busca de compreensão do que está por trás dos noticiários. São os tradutores da ficção para o real e são encontrados, basicamente, nos sites, blogs etc.
Finalmente, a citada tese é que a causa mater é a mídia do capital, que está aí, e sua triste consequência são as mazelas do nosso povo. Sem compreender o que acontece por falta de informação, a população não se protege, não evolui politicamente e elege representantes que irão prejudicá-la. Pouco irá representar uma nova lei que reforme a política, se ela será realizada pela maioria de desonestos que, hoje, sacrificam o povo em benefício próprio e dos grupos que representam.
Paulo Metri