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Vilões

O mundo em risco, salvo por falta de acordo entre os loucos

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Autor/Imagem:
Nicolas Rosa - Foto Produção Irene Araújo

Os vilões malignos estavam reunidos para debater seu novo plano de dominação mundial. Dr. Poneros, seu líder, estava mostrando slides com detalhes do novo super-satélite que eles iam usar para ameaçar terminar de derreter a Antártida, impedir o tráfego de navios no Atlântico Norte(além de terminar de alagar Veneza e a Holanda) se os governos mundiais não dessem a eles controle do FMI e do Banco Mundial.

– Então, senhores, como eu estava mostrando, quando nosso satélite chegar a órbita terrestre…

– Senhor, eu tenho uma objeção, falou alguém.

– Quem é você?

– Barão Krakenhammer, senhor. Um barão da antiga casa da Áustria-Hungria, por herança.

– Diga, barão.

– Eu gostaria de pedir a liberdade de mostrar outros slides que eu preparei. Eu gostaria de começar minha exposição dizendo que o nosso plano original é muito bom, é claro…

– Meu plano. Minha ideia. Que nós vamos executar.

– Isso, isso, é que veja esse slide aqui. Eu percebi que certa parte de nosso plano, envolve energizar nosso satélite com um raio de poder emitido por um gerador de hiperfusão que nosso setor de pesquisas desenvolveu ano passado. Um gerador que produz 40 milhões de pentawhats de energia com meio grama de flogistium. Do qual nós temos uma reserva de meia tonelada.

– Eu supervisionei pessoalmente essa parte do gerador aí. É uma parte meio besta, meio prosaica do nosso plano, mas uma arma de energia não pode funcionar sem uma fonte de energia. E como nenhuma empresa está autorizada a vender um reator de fusão para a gente, eu mandei fazer um para nós.

– É essa parte que me chamou atenção. Eu pensei assim: os governos do mundo fazem leilões de energia elétrica de centenas de milhões de dólares, todo ano. Ao invés de usar a nossa arma para ameaçar eles darem o controle dos bancos para a gente, a gente poderia usar o carregador da arma para entrar nos leilões.

– Eu sugiro que você não continue sua explicação.

– Mas eu vou sim! Eu calculei tudo. Se a gente entra no leilão americano, no leilão alemão, no leilão chinês, e investe os lucros na empresa do Warren Buffet, em pouco tempo a gente seria dono da Nestlé, da Volkswagen, da Saab, de parte da BYD, ia ter uma cadeira no conselho da Tencent.

– Sim, ótimo. E no que isso ajuda em nosso trabalho de dominar o mundo?

– Isso é mais prático do que montar um satélite de trilhões de dólares que os heróis sempre explodem no final!

– Sim, e quem quer saber do que parece mais fácil?

– Doutor, pra conseguir o que você me pediu, eu fiquei fichado na Interpol, tive meu passaporte da União Europeia revogado, tive pena de morte decretada em 15 países, e já tive até que enfrentar duas divisões da OTAN sozinho.

– Sim, tudo isso pela nossa causa.

– E você só pensa nisso é?

– Eu vou lhe contar. Antes de virar o Doutor, eu tinha estudado na London School of Economics porque minha mãe mandou. Me formei, tirei ótimas notas, e ia conseguir um trainee na Pepsi. Eu podia até virar executivo em alguns anos. Mas aí eu pensei: um cara da minha inteligência, da minha capacidade, da minha genialidade, vai passar a vida toda vendendo refri, vendendo Gatorade, vendendo Doritos para as pessoas?

– Claro, você acha mais útil ameaçar derreter a Antártida com um satélite. Quando ela já vai fazer isso sozinha daqui a 15 anos!

– Se você continuar com essa insubordinação, eu vou apertar o botão que faz sua cadeira cair num tanque de tubarões.

– Não, você não vai fazer isso, seu maluco, sabe por que? Porque eu me demito! ME DEMITO! Vou pedir um emprego na Pepsi!

O Barão levantou e saiu. Uma vilã, Lady Felatrix, comentou:

– Essa semana, já é mais um que se demite, Doutor. Já temos mais gente pedindo para sair do que tomando tiro.

O Doutor respondeu, pesaroso:

– Não se fazem mais vilões como antigamente!

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