Sem fim
O poeta, Ismália e Seu China, na versão de duas poetisas

“Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo”
(Chico Buarque & Edu Lobo)
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
(Alfonsus Guimarães)
Todos diziam, como um coro grego.
“Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Pouco antes do ocidente se assombrar”
(Adriana Calcanhotto)
“Si negaras mi presencia en tu vivir
Bastaría con abrazarte y conversar
Tanta vida yo te di
Que por fuerza tienes ya
Sabor a mí”
(Álvaro Carrillo)
“Ai, palavras, ai, palavras
que estranha potência”
(Cecília Meireles)
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
(Alfonsus Guimarães)
“Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei
Quando o olho brilhou, entendi
Quando criei asas, voei”
(Chico César)
“Todo o sentido da vida […[
o mel do amor cristaliza […]
calúnia, fúria, derrota…”
(Cecília Meireles)
“Ah, forse è colpa mia
Ah, forse è colpa tua
E così son rimasto a pensar”
(Mauro Malavasi)
“E o sino clama em lúgubres responsos”
(Alfonsus Guimarães)
Ah, pobre de mim!
( Rosilene Souza)
Ah, pobre Ismália!
“Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar”
(Alfonsus Guimarães)
“Ismália,Ismália,
Ismália, Ismália
Ismália, Ismália
Quis tocar o céu,
mas terminou no chão”
(Ermicida)
“Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego”
(Chico Buarque de Holanda)
E lá passava o Seu China
andando na ponta do pé
Lig, lig,lig, lé lé!
– China portava um celular que viu a cena –
“Toda gente quis ver
O que aconteceu
Nervoso, o galinho respondeu:
có, có, có, có, có, có, có, ró
A galinha morreu!”
(Lamartine Babo)
E seu China acudiu com
Ligue, ligue, Ligue Lelé
-Alô, venha logo,
é de dar dó: tanto cocoricó!
” o galo tem saudade da galinha carijó”.
(Lamartine Babo)
Mas o galo…
“Como se fosse o último
(Beijou sua mulher) como se fosse a única
E atravessou a rua com seu passo bêbado”.
(Chico Buarque de Holanda)
E… sem fim!
(Edna Domenica)
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EDNA DOMENICA MEROLA – Nasceu, cresceu, estudou, trabalhou e se aposentou em São Paulo – SP. Autora de livros sobre oficinas de escrita criativa, de poemas e de ficção em prosa, sendo O setênio (Tão Livros Editora, 2024) o mais recente. A partir de 2024, publica poesia e prosa no Café Literário. Foi entrevistada por Cecília Baumann Brasil, continente também na literatura, se destaca com escritores coletivos – Notibras
‘Amigo invisível se transforma no ato de escrever’ – Notibras e teve o privilégio de Cassiano Condé contar seu lado B para os leitores do Notibras Edna Domenica, a escritora de textos ficcionais – Notibras
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ROSILENE SOUZA – Mineira, desenvolve pesquisa nas linguagens artísticas: colagem, escrita criativa, fotografia e deficiência visual. Investiga o excesso de imagens e escritas consumidas e produzidas na sociedade. Participa de exposições, feiras e mostras de Arte. Tem trabalhos artísticos e literários publicados em revistas, livros e catálogos. A partir de 2024, publica textos curtos no Café Literário Notibras.
Foi entrevistada por Cecília Baumann ‘Desafio é a principal inspiração para escrever’ – Notibras
