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Pergunta e advertência de Moro

O tríplex é seu, senhor Lula? Crime de perjúrio dá cadeia

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Marta Nobre, Edição

Lula e Moro vão estar frente a frente nesta quarta, 10, em Curitiba. O clima é de tensão em torno do interrogatório do juiz federal ao ex-presidente, supostamente envolvido em lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, evasão de divisas, obstrução da justiça e apadrinhamento político dentro da Operação Lava Jato. O cara a cara terá início às 14 horas.

O juiz fará perguntas básicas. E vai advertir o suspeito que crime de falso testemunho por parte de amigo do amigo do amigo, pode provocar uma condenação de até quatro anos em regime fechado. Isso, sem contar outros agravantes, que podem elevar a condenação a mais de duas dezenas de anos.

Ou seja, Lula pode silenciar ou mesmo inventar histórias, que não será punido de imediato. Mas deixará em maus lençóis empresários que prestaram depoimentos em delações premiadas e entregaram tudo o que supostamente de errado envolveu o ex-presidente. Lula tem isso a seu favor, porque não se aplica perjúrio ao acusado. Mas, em meio a tantas provas, ele não teria como escapar a uma condenação.

O interrogatório é o passo final antes da sentença de Lula em um processo que já dura oito meses, marcado por discussões entre o juiz e os advogados do petista. Sérgio Moro deve jogar duro. E lembrar que réu não pode passar por vítima e processar o julgador.

Pela primeira vez Lula poderá dar sua versão definitiva sobre o tríplex do Guarujá. Além disso, o ex-presidente terá de explicar o armazenamento do acervo presidencial, pago pela OAS. E há ainda a acusação de que seria o “comandante” do esquema de corrupção da Petrobras, como tem sido apontado por delatores.

No que diz respeito ao apartamento, a Lava-Jato investiga a ocultação, por parte de Lula, na compra e reforma do tríplex no Guarujá.

Como provas, o Ministério Público Federal apresentou fotografias de Lula visitando o imóvel, trocas de mensagens de Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS) sobre a reforma, a pedido da mulher de Lula, Marisa (morta em fevereiro deste ano), e uma rasura no termo assinado entre a ex-primeira-dama e a cooperativa Bancoop, em 2006: abaixo da numeração do apartamento 141 adquirido por ela, uma unidade normal, está a numeração 174, do apartamento tríplex.

Segundo os procuradores, essa alteração significaria que, desde o início, a família Lula tinha interesse na compra da cobertura de três andares. Em meio à negociação de delação premiada, Pinheiro e outros executivos da OAS confirmaram as acusações feitas pelo Ministério Público.

A defesa que Lula adota há mais de um ano deverá ser repetida ao juiz: Marisa comprou uma cota do prédio, pagou as parcelas à Bancoop e desistiu de confirmar a compra após a transferência do empreendimento da cooperativa para a OAS. Como tinha um crédito pelas parcelas pagas, a empreiteira ofereceu outro apartamento, o tríplex. Após a visita, todavia, a família Lula não teria se interessado.

*Matéria alterada às 10h24 para acréscimo de informações

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