O ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Rui Costa, acompanhando dos seus colegas da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, passou dois dias no Recife em reuniões com a governadora Raquel Lyra (PSDB) e com prefeitos de Pernambuco irrigando o governo estadual e prefeituras com recursos do governo Lula (PT), da ordem de R$ 42,9 bilhões, para obras do Novo PAC no estado, nos próximos dois anos.
O montante de dinheiro à disposição da governadora e o grande número de obras de impacto a serem realizadas em período tão curto, caso sejam levadas a efeito podem dar a Raquel Lyra melhores condições para enfrentar o prefeito do Recife, João Campos (PSB), nas eleições de 2026, quando estará em disputa o seu cargo, objeto de desejo do filho do ex-governador Eduardo Campos.
Os dois governos, o federal e o estadual, tendo no horizonte as eleições de 2026, querem celeridade das obras em diversas áreas, como recursos hídricos, obras urbanas e viárias, onde em parceria com o governo federal Raquel Lyra lançou na semana passada um arrojado projeto de recuperação de rodovias federais, estaduais e vicinais que vai demandar investimentos superiores a R$ 5 bilhões.
“O balanço da reunião foi muito positivo e fizemos uma série de encaminhamentos aqui junto com a governadora para que as obras em Pernambuco ganhem celeridade e tenhamos em 2025 um calendário de inaugurações e entregas. Nosso foco está no trabalho conjunto para fazer as entregas que prometemos”, afirmou o ministro Rui Costa.
“Essa é uma reunião ideal para dar uma reorganização e atualização das nossas ações, e imagino que para o governo federal também tenha ampla importância. É um momento útil para dar andamento a ações que precisam ser cuidadosas. Agradeço ao governo federal e ao ministro Rui por tudo que temos conseguido fazer juntos para o nosso Estado”, revelou a governadora Raquel Lyra.
Entre as obras, estão mais de 62 mil unidades habitacionais, do Minha Casa Minha Vida; a Adutora do Agreste; as barragens de Gatos, Panela II, Igarapeba e Barra de Guabiraba, para contenção de cheias; o Canal do Fragoso, em Olinda, para acabar os alagamentos; o estudo para a requalificação do metrô do Recife; a duplicação da BR-232; implementação do ramal Salgueiro-Suape da ferrovia Transnordestina; e a construção de duas maternidades, a de Ouricuri, no Sertão, e outra em Garanhuns, no Agreste.
Já o prefeito João Campos não tem tantos recursos do governo federal para rivalizar com a governadora. No momento, sua principal obra é o Hospital da Criança do Recife, que recebeu recursos de R$ 116 milhões do Ministério da Saúde e da Prefeitura. Com 75% de suas obras concluídas, a nova unidade deverá ser inaugurada no primeiro semestre do próximo ano.
As conversas entre Rui Costa e Raquel Lyra, no entanto, foram além das obras do PAC. A missão do ministro também incluia atrair a governadora para a base do governo Lula, o que deve ocorrer com a troca do PSDB pelo PSD por Raquel Lyra, o que pode fazer da governadora uma aliada do governo federal com vistas também às eleições de 2026.
Durante entrevista coletiva, perguntado se havia convencido a governadora a passar para a base do governo, Costa lhe dispensou tratamento de companheira: “Não precisei convencer. Sempre considerei ela da base, e ela nunca me disse o contrário. Já que eu nunca tive, nem nunca vi depoimento dela dizendo que não é da base, considero que sempre foi e continuará sendo, até porque eu brinco com ela que o estado de Pernambuco talvez seja um dos estados mais bem contemplados no PAC”.
Ao final da visita de Rui Costa a Pernambuco, Raquel Lyra viajou para Brasília de carona no avião do ministro. Nesta quinta-feira (28), ela participa do fórum nacional de governadores.