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Oceano Antártico fica sem ar e ameaça vida marinha

Os níveis de oxigênio nas profundezas do Oceano Antártico estão diminuindo em um ritmo muito mais rápido do que o previsto, mostra um novo estudo de cientistas australianos. À medida que o manto de gelo antártico derrete sob um clima mais quente, a má notícia é que o afundamento de toneladas de água salgada e rica em oxigênio diminuiu.

Explica-se: à medida que as águas superficiais ficam menos salgadas devido ao derretimento das geleiras, elas ficam mais flutuantes. Isso afetou dramaticamente um processo de importância vital que reabastece o oceano com oxigênio, indicam descobertas publicadas na Nature Climate Change.

Quando a água densa contendo oxigênio afunda, torna-se o que é denominado pelos cientistas como Água Antártica de Fundo (AABW). O processo pode ser descrito como “bombear oxigênio” para os oceanos Pacífico, Atlântico e Índico, explicou a equipe da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO) .

A cientista Kathy Gunn, que liderou a pesquisa, junto com sua equipe, utilizou um método recém-desenvolvido para medir a circulação profunda no Oceano Antártico. Eles combinaram dados observacionais com simulações de modelos.

Além das observações feitas pelas embarcações, também foram levadas em consideração as medições de velocidade, temperatura e salinidade da água por instrumentos presos a fios ancorados no fundo do mar. Essas ferramentas seriam mantidas por até dois anos, revela o estudo.

À medida que os pesquisadores calculavam o volume e o transporte de oxigênio do AABW, eles se concentravam nas mudanças dramáticas. “Nossas observações mostram que a circulação oceânica profunda ao redor da Antártida desacelerou em cerca de 30% desde a década de 1990. Essa desaceleração encerra décadas de impactos”, afirmou Kathy Gunn.

Embora a modelagem anterior previsse que a circulação de AABW poderia diminuir em mais de 40% até 2050, agora novas descobertas indicam que a desaceleração projetada chegou mais cedo do que o previsto, explicou o coautor do estudo, professor Matthew England, vice-diretor do Australian Centro de Excelência em Ciência Antártica.

Uma das consequências importantes desse processo é que a desaceleração da circulação faz com que o fundo dos oceanos estagne.

“Isso prenderia os nutrientes no fundo do oceano, reduzindo os nutrientes disponíveis para sustentar a vida marinha perto da superfície”, acrescentou Matthew England.

Outro co-autor, Steve Rintoul, explicou que o resultado da pesquisa ressalta mais preocupações do que as típicas ligadas ao aumento do nível do mar devido ao derretimento da camada de gelo da Antártida.

O declínio geral registrado nos níveis de oxigênio está mudando a estrutura e a química do oceano, alertou a equipe de pesquisa, sugerindo que isso pode ter um impacto de longo alcance nos próximos anos.

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