Marta Nobre, Edição
Marcelo Odebrecht está depondo na tarde desta quarta-feira, 1, sobre as doações do grupo da família dele à campanha eleitoral de 2014.
Advogados ligados ao empresário, condenado a 19 anos na Lava Jato e preso em Curitiba, sustentam que ele confirmará ao ministro Herman Benjamin, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral, a transferência de dinheiro de propina para o suposto caixa 2 que levou Dilma Rousseff e Michel Temer ao Palácio do Planalto.
A procuradoeres da Lava Jato, dirigentes da Odebrecht descreveram uma doação ilegal de cerca de R$ 30 milhões à coligação Com a Força do Povo, que derrotou Aécio Neves (PSDB) na corrida presidencial daquele ano.
O valor representa cerca de 10% do total arrecadado oficialmente pela campanha. Se Marcelo confirmar a doação, tanto Dilma como Temer seriam implicados.
Outra questão que Mardcelo Odebrecht estaria disposto a abordar seria a afirmação do ex-diretor de Relações Internacionais da empreiteira, Cláudio Melo Filho, de que Temer teria negociado pessoalmente um pagamento de R$ 10 milhões ao PMDB em 2014.
O depoimento tem o caráter de sigiloso e ocorre a portas fechadas, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, em Curitiba. Na sala cedida pelo tribunal permanecem apenas o ministro, alguns auxiliares, o empresário e seus advogados.
Marcelo Odebrecht chegou ao prédio escoltado por policiais federais, cerca de meia hora antes do horário previsto para o início da oitiva (14h30). Para evitar o assédio de jornalistas e curiosos que se aglomeram diante da sede do tribunal, o comboio entrou pela garagem.
Em dezembro de 2014, as contas da campanha da então presidenta Dilma Rousseff e de seu companheiro de chapa, Michel Temer, foram aprovadas com ressalvas pelo TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a aprovação, por entender que há irregularidades nas prestações de contas apresentadas por Dilma. Segundo entendimento do TSE, a prestação contábil do presidente e do vice-presidente é julgada em conjunto.
A campanha de Dilma Rousseff nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. No início do mês, a defesa do presidente Michel Temer sustentou no TSE que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. De acordo com os advogados, não se tem conhecimento de qualquer irregularidade no pagamento dos serviços.