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Antídoto de Xandão

Ódio destilado pelo bando bolsonarista mudou de lado

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto Reprodução

No prontuário onde, desde o berço, ficam armazenadas todas as características de um indivíduo, um dos principais itens de informação é o ácido desoxirribonucleico, também conhecido por DNA. Ele tem papel fundamental na hereditariedade, sendo considerado o portador da mensagem genética para os descendentes. No caso do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, qualquer comentário inclusivo é dispensável. Mau militar, péssimo deputado federal e pior presidente da República, pouca coisa sobrou para dizer da conduta profissional do cidadão Jair Messias Bolsonaro. O lado pessoal não interessa, na medida em que o povo brasileiro está até o topo de mediocridade. Por isso, pouco importa se ele é ou não imbrochável, se tem ou não competência e se sabe ou não o que é sociedade. .

Do ponto de vista político, relevante é seu histórico de fracassos e de disparates por minuto. Embora tenha ganho acidentalmente a eleição de 2018, espontânea ou forçadamente é um perdedor. É capaz de, mesmo batido, perder para cegos no jogo de buraco ou de pif paf. Mito para alguns, na verdade é um Midas às avessas, pois consegue transformar em tragédia tudo o que imagina ou toca. E leva junto quem estiver a seu lado. Articula um golpe, convoca seguidores, estabelece esquemas mirabolantes de cima para baixo e de baixo para cima, jura que não ordenou a quebradeira das sedes dos três poderes, mas o máximo que alcançou foi unir o Brasil e o mundo em torno da definitiva consolidação da democracia. Didaticamente, o ódio que ele tanto estimulou mudou de lado.

Com todo respeito ao desenho animado, o grupo que sonha com o golpismo lembra o vilão Dick Vigarista, personagem criado por William Hanna e Joseph Barbera, cujas ideias diárias sempre davam erradas. Passados quatro anos da famigerada facada, está claro que o amadorismo de Bolsonaro não se limita à política, tampouco à administração de um condomínio. Fuleiro como estrategista, se cerca de golpistas que sequer merecem o título de mequetrefes. São amotinados do tipo Batalha Naval, antigo jogo de papel e caneta em que o vencedor tinha de afundar todos os navios do adversário. As embarcações do grupo bolsonarista já entram no mar cheias de furos e, às vezes, avariam e fazem água antes mesmo do primeiro tiro.

Algo parecido com uma frota tabajara. O mais recente exemplo do amadorismo é o do desconhecido senador capixaba Marcos do Val, personagem surgido do nada para tentar incriminar um profissional da Justiça que atende pelo codinome Xandão, cuja sonorização causa sensações das mais primitivas até nos defuntos da seita que um dia pensou em infernizar o Brasil. Piadista ou estagiário do humor da Globo Lixo, o senador é o exemplo mal acabado da desinteligência que assola parte inexpressiva do país. Quando o povo começava a ter certeza de que as imbecilidades protagonizadas pelos “patriotas” idealizadores do golpe baixo de 8 de janeiro acabaram, surge uma nova estultice produzida por membros da sombria e despudorada trupe do mal.

É óbvio que, apesar da série de contradições do tal senador, as reuniões pré e pós 8 de janeiro não foram contos da carochinha. Depois do fracasso, o objetivo maior deixou de ser a retomada do poder. A intenção era – e é – atingir de morte o imorrível Alexandre de Moraes. Considerando que Do Val e a turba sem neurônios valem tanto quando a natimorta nova moeda do Mercosul, as provas que já produziram contra si são suficientes para mostrar que ignorância e desinteligência não são sinônimos, mas andam de mãos dadas. Mais do que isso, são o mel que Xandão precisava para finalizar a produção do único antídoto contra o bolsonarismo e contra os bolsonaristas: a prisão. O ex-deputado Daniel Silveira inaugurou a lista que parece extensa. Eita mundo que dá voltas. Restou a fuga sem despedidas para quem se achava o dono do mundo.

Enfim, a maldade normalmente bebe a maior parte do veneno que produz. Como cidadão cristão, minha preocupação é com os pais, filhos, cônjuges e demais familiares e amigos desse povo que se autointitula patriota. Como eles devem reagir à estultice caseira? Será que também pegaram o vírus da incapacidade intelectual de seus entes queridos? Azar de quem imaginou o Brasil inteiro com a inteligência das amebas. Parodiando o poeta, senhores e senhoras eu vi um presidente fujão que hoje comanda um navio sem tripulação e sem porto que o queira receber. Que bom se alguém o recebesse. Seria um bom presente para os brasileiros. Quanto ao senador que renunciou à renúncia, o atropelo de seus argumentos mais uma vez me remete à síndrome de Dick Vigarista com seu carro chamado de “Máquina do Mal”. Assim como no desenho, Bolsonaro, Do Val e afins tinham tudo para ganhar, mas, como sempre preferiram sabotar, humilhar e destruir, acabaram gerando a dúvida que hoje incomoda 11 entre dez brasileiros: Quem era mesmo o fora da lei?

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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