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Ofensiva do Hamas enterra o sonho palestino de liberdade

A ignorância é um mal que não nos permite conhecer outras realidades. Uma pessoa ou um grupo ignorante está sempre com a mente fechada e dificilmente se abre para novas experiências e oportunidades. Ou seja, nada de bom vem de alguém assim. É a velha máxima da filosofia de para-choque de caminhão: o sábio pode mudar de opinião. O ignorante nunca. Ao atacar Israel, as lideranças dos terroristas do Hamas disseram que a ofensiva foi motivada pelos ataques crescentes dos judeus contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses. Sabidamente é muito triste o dia a dia do povo da Faixa de Gaza, onde a vida, a exemplo das comunidades e do subúrbio do Rio de Janeiro, vale menos do que uma bala de tamarindo.

Israel tem apoio maciço dos Estados Unidos e das principais potências da Europa em sua corrida dominadora e expansionista. No entanto, nada justifica a barbárie terrorista do Hamas contra civis judeus, inclusive idosos, crianças e mulheres grávidas. Não tenho expertise no assunto, mas até onde sei o Hamas enterrou o sonho de liberdade dos palestinos, do mesmo modo que o golpismo no Brasil encerrou de vez a carreira de um falso profeta. Também sei que, depois do ataque às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, a ofensiva dos extremistas islâmicos foi a segunda mais letal da história da humanidade. São várias as razões da guerra na região, que já dura cerca de 70 anos. Voltando no tempo, vale registrar que, após o Holocausto e a perseguição antissemita do século 20, os judeus decidiram buscar um lugar para chamar de seu.

O movimento desencadeou uma série de tensões e hostilidades com os palestinos, que se sentiram prejudicados e descolados por essa política. O Estado Independente de Israel foi criado em maio de 1948. A tradição judaica indica que a área em que Israel está localizado é a Terra Prometida por Deus ao primeiro patriarca, Abrão, e a seus descendentes. A exemplo de outras células terroristas da região (Fatah e Hezbollah), o Hamas não aceita Israel como Estado. Do mesmo modo, os palestinos, estabelecidos em dois territórios (Gaza e Cisjordânia), estão divididos quanto ao reconhecimento. Comandada pelo Hamas, Gaza, hoje desocupada, mas com bloqueios israelenses aéreo, terrestre a marítimo, não admite acordos de paz com os antagonistas. Governada pela Autoridade Nacional Palestina, a Cisjordânia mantém acordos com Israel, embora também abrigue várias colônias de judeus.

Resumindo, a criação de um Estado Palestino independente e Jerusalém Oriental são os pontos mais conflituosos entre as partes envolvidas. Com a criação do território de Israel, a tensão aumentou, deixando de ser uma questão local para ser regional. Desde então, os israelenses já se envolveram em conflitos com o Egito, a Jordânia, a Síria, o Iraque e com outras coligações árabes. Em 1967, ao lado dos Estados Unidos e de potências europeias, Israel obteve uma esmagadora vitória contra o conclave árabe. Foi a chamada Guerra dos Seis Dias, ocasião em que os judeus capturaram a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito, a Cisjordânia da Jordânia (incluindo Jerusalém Oriental) e as Colinas de Golã da Síria.

Na época, meio milhão de palestinos viraram refugiados. Hoje, são mais de 2 milhões. O Sinai foi devolvido ao Egito em 1983, mas Gaza é um problema insolúvel. Considerando que para toda ação há uma reação, o atentado covarde do Hamas colocou boa parte do mundo a favor de Israel e do agente 86 Benjamin Netanyahu. De graça, o primeiro-ministro de Israel ganhou carta branca para dizimar o grupo extremista e, por extensão, matar quem estiver na frente dos canhões, metralhadoras e mísseis teleguiados sob seu comando. Com sangue na boca e sem apoio da maioria dos compatriotas, Netanyahu precisa dar uma resposta a seu povo, a quem jurou proteger. Afinal, ele foi vergonhosamente derrotado dentro de casa. Por isso, sem se importar com os civis de Gaza, ele promete destruir milhares de foguetes e de armas, quilômetros de túneis e outras infraestruturas de guerra do Hamas.

É uma empreitada longa, complicada e caríssima. Nada que incomode Netanyahu e seu camarada Joe Biden. A ordem é acabar de uma vez com a história de Estado Palestino. Os bobalhões do Hamas contribuíram para o fim do sonho palestino. Resta saber como se comportarão os países árabes nos próximos dias, principalmente os que fazem fronteira com Israel. Antes de eles entrarem na guerra, o barril de petróleo já subiu para US$ 80. Tomara que seus dirigentes ajam como age o governo do Rio de Janeiro, que finge que combate o crime organizado e o crime organizado finge que acredita que o Rio tem um governante. Por fim, a guerra está apenas começando. O problema é que ninguém sabe como ela vai terminar. Oxalá acabe como o levante de 8 de janeiro, quando, entre presos, condenados e inelegíveis, só os patriotas comandados por Barrabás, além do próprio, perderam os anéis. O Hamas está por um fio. O mundo ocidental está solidário com Israel. Repito que não domino a matéria, mas estou judeu desde criancinha.

*Mathuzalém Júnior é jornalista desde 1978

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