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Os prejuízos

Olha a chuva, olha o acidente, olha a internação…

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Era para ser mais um dia de volta para casa após um plantão exaustivo de 12 horas em um hospital particular de Brasília. Mas no meio do caminho, o cansaço venceu e a técnica de enfermagem Eni Vanessa Pereira dormiu ao volante. O resultado: uma colisão frontal e a morte de uma colega de trabalho, que estava sentada no banco de trás, sem cinto de segurança.

Eni Vanessa sobreviveu. Fato que ela considera milagre. Internada no Hospital de Base desde o último dia 15, passou por cirurgia para reconstruir a face. Com o queixo costurado e sem os dentes do maxilar superior, voltou a conversar nesta quinta-feira (22) e já deu um aviso. “A partir de agora, as regras para andar no meu carro mudaram. Só sai comigo se usar cinto de segurança. Se minha amiga estivesse usando, não teria morrido”, lamenta.

Em um quarto próximo ao de Eni, na enfermaria de ortopedia do Base, está a comerciante Elenice Borges. No início deste mês ela perdeu parte da perna esquerda ao ter sua moto atingida por um veículo, na BR 251. Ela não se lembra de nada, mas ouviu dizer que a motorista que a atingiu usava o celular para se localizar por meio do GPS. Bastou um segundo de desatenção.

“Minha perna ficou lá. Vou adaptar minha vida sem ela daqui para frente. E conto minha história para mostrar o que uma pessoa descuidada no trânsito pode fazer à outra”, alerta Elenice. “Andava de moto já há dois anos e sempre tomei muito cuidado. Mas descobri que todo cuidado ainda é pouco”, completa.

Dados – As duas fazem parte das estatísticas preocupantes do DF. Segundo o Departamento de Trânsito (Detran), a cada 45 minutos uma pessoa é vítima de trânsito na capital federal. Ente janeiro e agosto deste ano, 258 pessoas perderam a vida nas ruas de Brasília, 12 a mais que no mesmo período do ano passado.

Onze dessas mortes aconteceram durante a Semana Nacional de Trânsito, que em Brasília começou em 16 de setembro e vai até domingo (25). O período serve, justamente, para conscientizar as pessoas quanto aos cuidados nas vias, independentemente de estar usando veículo motorizado, bicicleta ou a pé.

Saúde pública – Durante todo o ano passado foram registrados 9,2 mil acidentes com vítimas no Distrito Federal, sendo 331 deles com morte. Desse total, 4.163 foram atendidos pelo Samu.

Os hospitais públicos são a porta de entrada desses acidentados. Somente o Hospital de Base, referência em trauma no DF, recebeu 957 pacientes. “Em 2015, foram gastos R$ 18,7 milhões com internações na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base. A questão é um problema de saúde pública”, observa o secretário de Saúde, Humberto Fonseca.

Preocupado com a questão, o Governo de Brasília lançou, em agosto, o programa Brasília Vida Segura, com o objetivo de reduzir o número de vítimas de acidentes de trânsito e portadores de doenças crônicas.

A meta para o trânsito é reduzir, anualmente, em 70 o número de mortes nos próximos quatro anos, conforme prevê o acordo internacional para a Década da Segurança Viária, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para isso, a primeira etapa do programa prevê o mapeamento dos tipos de acidentes e perfis de vítimas de acordo com as regiões administrativas.

Com o tema “Eu sou mais um por um trânsito mais seguro”, a Semana Nacional de Trânsito teve início no dia 18 deste mês e vai até o próximo domingo (25). O principal objetivo desta data é o desenvolvimento da conscientização social sobre os cuidados básicos que todo o motorista e pedestre deve ter no trânsito. No DF, várias ações de conscientização vêm ocorrendo deste o dia 16 de setembro.

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