Nair Assad, Edição
Apesar de receber atenção especial em época de eleição, a mobilidade urbana nas grandes cidades é um desafio diário. Afinal, todos os dias a população enfrenta o grande fluxo de carros e a precariedade dos transportes públicos oferecidos. O tempo de viagem com frequência duplica nos horários de maior trânsito, o que obriga as pessoas a repensarem as suas rotinas.
Muitos profissionais desse setor acreditam que uma melhora na mobilidade urbana passa pela desoneração do transporte público. Ou seja, isso significa um preço mais barato para gasolina e eletricidade, por exemplo, o que se refletiria no custo da passagem.
Um bom planejamento das vias também é fundamental para que eventuais obras tenham o efeito desejado. Em locais onde não há previsão ou possibilidade de metrô, é preciso pensar em corredores de ônibus para que os automóveis tenham o caminho mais livre.
Outro aspecto que deve ser trabalhado de modo intenso é a própria cultura do país. O Brasil não tem hábito de usar bicicletas como alternativa para deslocamento, como acontece em várias nações europeias. Veículos privados ainda são vistos como um símbolo de status e representa um objetivo de consumo para muitas pessoas. Além dos benefícios para saúde e para o meio-ambiente, o uso da bicicleta pode ser bastante positivo para o tráfego nas grandes cidades.
Para rever essa mentalidade, é fundamental que o governo invista em políticas que favoreçam os ciclistas, tais como a implementação de ciclovias e os pontos para aluguel de bicicletas
Atualmente, não se pode falar de mobilidade urbana sem mencionar os aplicativos de carona como o Uber e Cabify, que chegaram há pouco nas capitais brasileiras. Esse formato de serviço conseguiu espaço por cobrar valores menores em relação aos táxis.
Com a rotina estressante, os riscos de assalto e dificuldade de achar estacionamento, é cada vez mais comum que os indivíduos recorram a tais ferramentas. A nova dinâmica levou os aplicativos de táxi a se adaptarem também para se manterem no mercado.
Soluções – Existe uma quantidade de iniciativas que podem melhorar o cenário da mobilidade urbana nas cidades grandes. Em São Paulo, para citar um caso conhecido, determinou-se o rodízio de carros para diminuir o número de automóveis nas ruas. É válido motivar os habitantes de grandes cidades a oferecerem carona para amigos e colegas de trabalho para reduzir o fluxo de veículos particulares.
Em adição, promover o uso de bicicletas em um ambiente seguro, isto é, com ciclovias amplas, também auxilia no trânsito. Cuidar das calçadas facilita a rotina dos pedestres e, consequentemente, dos motoristas. Portanto, a prefeitura deve se preocupar com esses espaços. Onde for viável, investir em hidrovias para aproveitar rios como meio de transporte é uma boa saída.
Recentemente o jornal britânico Telegraph mostrou que motoristas em cidades grandes gastam em média 50h por ano procurando vagas de estacionamento. Outras pesquisas confirmam que até 30% do trânsito das principais vias das grandes cidades é composto por motoristas procurando vagas de estacionamento.
A expansão das cidades tem de ser planejada com atenção, pois os edifícios não podem tornar o tráfego ainda mais complicado nas metrópoles. Por fim, as políticas públicas de mobilidade passam obrigatoriamente pela qualidade do transporte coletivo. Ônibus, trens e metrôs precisam atender a população de forma satisfatória.