Estão desfraldadas as bandeiras de todos os clubes de futebol do Brasil. Olho no lance. Pelas barbas do profeta. Pelo amor dos meus filhinhos. Geraldinos e Arquibaldos. Começou o jogo. Se preparem, pois É briga de cachorro grande. Hoje eu acordei feliz com o Chocolate do meu, do seu, do nosso Flamengo sobre o boliviano Bolivar. Estava meio Pau com formiga, igual Pinto no lixo, até o terceiro gol, marcado pelo ciscador Everton Cebolinha. Foi aí que o radialista Luiz Penido, ao vivo, praticamente interrompeu a partida para anunciar a morte do rubro-negríssimo Washington Rodrigues, o Apolinho de todos os torcedores brasileiros.
O quarto gol, que Pedro Mandou no meio do pagode certamente foi em sua homenagem e, quem sabe, infelizmente, para antecipar o estridente grito de gol e o comentário brilhante de, respectivamente, Silvio Luiz e Antero Greco. Grandes no microfone e maiores ainda com seus inesquecíveis bordões, quis o destino que os três craques do futebol fora das quatro linhas partissem quase no mesmo dia. O futebol, o rádio, a televisão e as torcidas estão de luto. No céu, o jornalismo esportivo está em festa com a chegada dos três papas da voz.
A bola no filó não está mais entre nós. No entanto, Washington Rodrigues, Silvio Luiz e o Amigão Antero Greco estarão para sempre brilhando nos tapetes verdes do Brasil. Não tive a honra de trabalhar com Silvio Luiz, mas, por obra dos deuses dos estádios, fui brindado pelos toques sempre coerentes de Antero Greco no Diário Popular de São Paulo, onde fomos colegas. Sem sua autorização, não teria coragem de escrever que fui “companheiro” de jornada do Apolinho na Gávea e no Maracanã.
E não fui mesmo. Fui pupilo, fã e obrigado a Capinar sentado quando, na Última Hora do Rio de Janeiro, iniciava minha carreira de repórter esportivo. Washington Rodrigues já era consagrado, como são seus antigos parceiros Denis Menezes e José Carlos Araújo, o Garotinho. Lembro que, sentado no gramado do Maracanã, nem sempre lembrava que estava ali para reportar um jogo de futebol. Minha digressão tinha nomes e sobrenomes. Além do Apolinho e do Denis, ficava embasbacado assistindo as entradas ao vivo deles e do Kleber Leite, do Mauro Montalvan e do Iata Anderson em suas emissoras.
Apolinho desfilou seus bordões pelas rádios Guanabara, Nacional, Globo e Tupi. Silvio Luiz passeou pela extinta TV Paulista (hoje Globo São Paulo), Rádio Bandeirantes, SBT, Band e Rede TV. Antero Greco também emprestou conhecimentos ao Estado de S. Paulo e ao canal ESPN, onde estava há mais de 30 anos. A legião de repórteres, narradores e comentaristas esportivos que já se foram é grande, como grande são seus nomes, seus legados e seus bordões que continuarão ecoando no infinito do céu.
Em nome de Jorge Cury, José Araújo, Everardo Guilhon, Waldir Amaral, Rui Porto, Luiz Mendes, João Saldanha, Doalcei Bueno de Camargo, Luciano do Valle, Juarez Soares, Osmar de Oliveira, Maurício Torres, Paulo Stein, Geraldo José de Almeida, Alberto Léo, Orlando Batista e Januário de Oliveira, entre muitos outros que vi e ouvi, só peço a Deus, a São Pedro, São Paulo, São Jorge, São Judas Tadeu e São Edson Arantes do Nascimento que gritem bem alto um dos bordões mais populares dos nossos mestres do microfone: Foi, foi, foi, foi ele, o craque da camisa número…
*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras