Onda de calor sobe do Sudeste e aquece ainda mais a região Nordeste

Era uma vez um verão que esqueceu de ir embora. Instalou-se feito parente distante que chega para um fim de semana e decide ficar o mês todo. No Sudeste e no Nordeste do Brasil, o calor bate à porta sem cerimônia, entra com os pés suados e se espalha pela casa toda — do chão da cozinha ao travesseiro da noite.

Na esquina, o vendedor de picolé já não dá conta da demanda. As sombras das árvores viraram imóveis disputados, e até os passarinhos parecem cansados, piando baixo, como quem reclama: “Mas esse sol não cansa, não?”

As notícias dizem: onda de calor. Mas parece mais uma maré estacionada no tempo, uma sauna ao ar livre que nos lembra, a cada gota de suor, que algo está fora do lugar. O ventilador virou herói doméstico. O ar-condicionado, item de luxo. E o chuveiro, aquele amigo fiel, agora só trabalha no modo “frio total”.

As roupas diminuíram, a paciência também. O corpo pede sombra, água fresca, talvez até um pouco de chuva para variar o enredo. Mas ela, a onda, permanece. Persistente. Como se dissesse: “Acostume-se.”

Enquanto isso, seguimos derretendo um pouco a cada dia. E torcendo, com a testa suada e o coração quente, para que o outono lembre de cumprir seu papel e traga consigo um vento que refresque a alma — e o país inteiro.