Os antigos maias eram muito mais violentos, queimando uma cidade em um “ato de guerra total” muito antes do que se pensava, de acordo com um estudo revelador publicado na Nature Human Evolution.
Pesquisadores liderados por David Wahl, do US Geological Survey, examinaram uma antiga inscrição hieroglífica em Naranjo, uma cidade maia a 32 quilômetros ao sul de Witzna, no que hoje é o norte da Guatemala.
Os cientistas ficaram intrigados ao descobrir que o texto revela uma série de campanhas militares contra um reino vizinho, incluindo uma chamada Bahlam Jol, que pertenceu a Naranjo.
As inscrições dizem que a cidade “queimou pela segunda vez”.
Segundo os pesquisadores, o ataque ocorreu em maio de 697 dC – um ano após outro reino, Komkom, também ter sido arrasado pelo fogo.
Wahl e sua equipe analisaram evidências físicas para apoiar as reivindicações hieroglíficas de uma cidade queimada. Eles estudaram sedimentos em um lago perto do local e encontraram “uma camada de carvão distinta” que eles datavam do final do século VII, que mostra que houve um enorme incêndio.
A data coincide com o registro hieroglífico de Bahlam. O estudo também revelou uma redução no uso da terra local, provavelmente devido a uma queda na população.
O que torna a pesquisa tão inovadora é que os eventos mencionados nas inscrições ocorreram durante o período clássico dos maias (250 a 900 dC). Os cientistas acreditavam que a época era conhecida pela prosperidade e sofisticação, quando redes comerciais extensas eram estabelecidas e calendários avançados montados com base no estudo extensivo das estrelas.
Os especialistas não acreditavam que a violência fizesse parte da vida maia durante esse período, com exceção dos rituais. A guerra e os ataques violentos cresceram em proeminência no período clássico, entre 800 e 950 dC, coincidindo com o declínio da civilização.
As teorias existentes sugerem que cidades superpovoadas e seca severa resultaram nas guerras que eventualmente provocaram o colapso da civilização maia.
“Como em muitos aspectos da civilização maia, continuamos a perceber que os maias pré-hispânicos eram mais complexos do que se pensava anteriormente”, conclui o estudo.