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Onde há fumaça, há fogo; onde há água, vida. Enceladus, lua de Saturno

Cientistas acreditam haver fortes indícios de que haja um “oceano” de água sob a superfície de uma das luas de Saturno, Enceladus.

Este pequeno mundo vinha intrigando astrônomos desde que jatos de um material gelado foram vistos esguichando no espaço a partir de uma região no polo sul de Enceladus.

Agora, medições sofisticadas usando a sonda Cassini, da Nasa, em seu voo sobre a lua permitiram que pesquisadores detectassem o sinal gravitacional de água.

“As medidas que fizemos são consistentes com a existência de uma larga reserva de água mais ou menos do tamanho (em termos de volume) ao lago Superior (situado entre os Estados Unidos e o Canadá e considerado o maior lago de água fresca do mundo em volume)”, afirma o professor Luciano Iess, que comanda a equipe de pesquisadores da Universidade Sapienza, de Roma.

As descobertas do cientista e de sua equipe deverão reforçar a visão de que a lua de 500 quilômetros de diâmetro seria um dos melhores lugares além da Terra para buscar a existência de vida microbial.

Os dados coletados pela Cassini sugerem que o volume de líquido encontrado estaria situado 40 quilômetros debaixo da superfície da camada de gelo de Enceladus.

A crença de que a lua de Saturno contaria com um oceano subglacial vem crescendo desde que a Cassini detectou a existência de uma atmosfera difusa na lua, em 2005.

Observações subsequentes associaram a fonte dessa atmosfera a jatos de vapor de água ricos em minerais sendo emanados da superfície da lua, apelidada de “listras de tigre”, devido à sua aparência listrada, semelhante à de um grande felino.

A órbita de Enceladus em volta de Saturno é excêntrica, não circular. A gravidade do gigantesco planeta deveria, portanto, espremer e esticar a pequena lua, quando ela realiza essa trajetória, aquecendo pedaços de suas camadas de gelo e derretendo-os.

O professor Iess e seus colegas identificaram variações no campo gravitacional da lua.

No polo sul do satélite, eles encontraram uma variação bem grande na distribuição de massa da lua, o que, segundo eles, poderia ser explicado pela presença de um elevado volume de água.

“O que vemos é consistente com a existência de um bolsão de água de 8 a 10 quilômetros de profundidade e esse bolsão pode se estender para latitudes de cerca de 50 graus ao sul do polo”, explica Iess.

Existem fortes indícios para se suspeitar da existência de oceanos subglaciais em uma série de luas no nosso sistema solar.

O maior satélite de Saturno, Titã, provavelmente conta com um desses. Assim como algumas das luas de Júpiter, como Europa, Ganimedes e Calisto. E talvez até mesmo a mais distante lua de Triton, que orbita em torno de Netuno.

De todas estas, Enceladus e Europa são as que despertam mais interesse porque é mais provável que sua água esteja em contato com rocha.

Isso poderia resultar em reações químicas capazes de dar início à vida.

De acordo com o professor Andrew Coates, do Laboratório de Ciências Espaciais UCL-Mullard, da Grã-Bretanha, “Enceladus ocupa o topo da lista em termos de locais que poderiam abrigar vida”.

“Ela conta com várias coisas que você precisa para ter vibda. Existe certamente a presença de calor, há água líquida nesse oceano, há elementos orgânicos e reações químicas ocorrendo. A única questão é se houve tempo suficiente para a vida se desenvolver.

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