Ela é nova. É o Sol Nascente, a cidade-favela-bairro de Ceilândia. Na sua certidão de nascimento consta 2008 como a data do parto. Há quem diga, porém, que ela já existia antes mesmo dos 10 anos datados, e que, em 1998, já era possível vê-la tomando forma.Começou despretensiosa, pequenininha, meio tímida, conhecida por poucos, transitava por árvores e matas, típicas do cerrado central. Quando mais desenvolvida as habituais mudanças da idade, cresceu e foi encorpando, recebendo mais gente e ficando famosa.
Por falta de recursos decorrente do abandono de seus responsáveis, ela se desenvolveu daquele “jeitinho” bem brasileiro. Uns ajudavam daqui outros dali. Sempre amparada por quem tinha pouco, mas a queria muito. Assim, foi ganhando forma. Não das melhores, mas particularmente aconchegante para quem precisava de um lar. Talvez, por isso, muitos nutrem um amor incondicional por ela.
Apesar de jovem em idade, ela é muito experiente. Já abrigou mães, tias, avós e bisavós. Sempre acolhe quem precisa de abrigo. Com poucos recursos, ela faz o que pode: arruma um cantinho aqui, cede um pequeno terreno ali. E hoje são mais de 95 mil pessoas que nela acordam, vão trabalhar, cuidam de seus filhos, vão para a escola, se deslocam, e se deitam novamente para a batalha do dia seguinte.
Os dados, vindos de órgãos de pesquisas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), demonstram também a diversidade que habita dentro dela.
Apesar de 51% da sua gente ter nascido em Brasília, mais de 48% são filhos adotivos. E eles vêm de muitos lugares: Piauí, Maranhão, Bahia, Tocantins e até do Acre. É impossível dizer que não haja um pedacinho do Brasil dentro dela, que hoje é considerada a maior favela da América Latina.