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Gente Comum

Onde se vive e se ouve o que não é fato, pode ser fake

Publicado

Autor/Imagem:
Nako César - Foto Irene Araújo

Quando era criança
Encontrava com o seu Zé pelas ruas
As cidades eram pequenas,
Mas pareciam muito grandes, enormes.

E conversava muito com o meu pai
Mas entendia pouca coisa, mas sabia
Era coisa simples da roça
Que se falavam sem pausas ou pontos

E aqui de baixo da minha pequenez, ouvia com cuidado
Logo se encerrava a conversa e cada um seguia o destino
O seu caminho particular.
Conseguia perceber que se entendiam

Se afastavam e depois se encontravam
E parecia a primeira vez, a mesma alegria e satisfação
Sonhava em falar de igual para igual como eles
Como se fosse aprender um novo idioma

O matuto agora fala pouco, somente vê na tela
Ouve o rádio ou áudio no canal da nova rede
Não se encontram, não se falam, se afastam
Não se correspondem, não se conhecem, se esquecem

Vivem e ouvem o que não é fato, pode ser fake
Vai depender de que lado se relaciona ou entende
E o observador da rua, não pode mais ver, é visto
E a rede divulga fragmentos de uma vida ilusória

Os amigos não se conhecem, são poucos vistos
Não se reconhecem ante as formas da publicação
Tem que ser rápido e movimentar os seguidores
Se não é lacrado e despachado sem curtidas

Vejo aquela criança dentro de mim
Não reconheço o povo rural que anda veloz
Em sua moto somem nas capoeiras do sertão
O encontro, a conversa e o abraço se desconectaram.

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