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Rebanho morre no brejo

Ônibus do golpe está lotado de provas contra mentiroso Jordy

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo

Como aquele famigerado nervo incrustado na Faixa de Gaza, o tal que gera um temido pisca-pisca no boga a qualquer toque no bilau, os “patriotas” não conseguem se defender sem atacar. É o caso do deputado Carlos Roberto Coelho de Mattos Junior, alcunhado de Carlos Jordy, alvo direto da 24ª. fase da Operação Lesa Pátria. Acusado de planejar, financiar e incitar atos antidemocráticos entre outubro de 2022 e o 8 de janeiro de 2023, ele lançou mais uma de suas fake news logo após sua casa, em Niterói, ser “visitada” pela Polícia Federal. Com sua reluzente e encerada cara de pau, divulgou um vídeo no X afirmando que foi acordado com um “fuzil no rosto”. Mentira cínica e covarde.

Além de mentiroso, o arremedo de parlamentar deve ter ninhos de ameba na cabeça. Impressionante, mas só um cérebro carcomido como o dele poderia achar que os policiais federais deixariam barato uma infame acusação desse tipo. Nada anormal para quem ajudou a formatar o golpe e, após fracassar, também contribuiu nas fakes lançadas como tentativa de culpar a esquerda pelo levante. Mais uma imbecilidade dos que se acham espertos até debaixo d’água. Para sorte dos brasileiros, particularmente os noveleiros, as lideranças da rebelião contra os poderes constituídos da República terão o mesmo fim do todo poderoso Antônio La Selva, personagem construído brilhantemente pelo ator Tony Ramos na trama Terra e Paixão, de Walcyr Carrasco.

Tenho a nítida impressão de que o personagem da ficção foi baseado na recente realidade do Brasil, hoje também chamado de Traque e Canhão, numa alusão clara ao que poderia ter acontecido, mas não aconteceu por conta do amadorismo absoluto de um similar que, nos bastidores, atendia pela alcunha de “La Floresta”. A diferença é que La Selva plantava onde podia e “La Floresta” se divertia vendo a Amazônia arder. No entanto, a raiva e o ódio contra aqueles que atravessassem seus caminhos eram os mesmos. Um, o da ficção, para continuar reinando em Nova Primavera, fez acordo até com o Satanás de beira de cerca. Já os conchavos do “reizinho” da vida nua e crua foram mais lucrativos. Tudo joinha, joinha e mais joinhas reluzindo durante as quatro estações.

Ainda não sei se, na ficção, La Selva vai morrer, fugir ou ser enterrado vivo. O que sei é que, na realidade, o genérico de Brasília é um morto vivo, embora seus seguidores ainda torçam para uma reencarnação no milésimo dia. Sei também que o poder não é eterno nem para aqueles que acreditam na própria mentira. Contrariando todas as expectativas dos mercenários “patriotas”, incluindo os que o atual governo concordou em proteger, a lei chega para todos. Chegou para Carlos Jordy, sua turma de golpistas mequetrefes e chegará para os que financiaram e incitaram o golpe que não veio no dia 8 de janeiro. Os fatos não mentem. Havendo provas, os argumentos, esperneios e chororôs são pífios. E elas lotam a frota de ônibus alugada para conduzir os golpistas.

Tentaram tomar o poder pela força, mas baixaram a crista e hoje, sem muitas reações, tomam na Tonga da Mironga do Kabuletê, expressão que quer dizer uma série de coisas, principalmente aquela em que você está pensando. Os mitos, os Carlos Jordys e os demais ejaculadores verbais da vida jamais imaginaram que, além do horizonte, haveria juízes, militares honrados, parlamentares presos à obrigação de representar para a plateia majoritária e um povo disposto a lutar bravamente pela democracia. A casa grande se preparou para atear fogo na República, mas se deparou com a senzala determinada a impedir que Deus e o Diabo no mesmo corpo continuassem dando ordens. Como sabia antecipadamente que não dava para comemorar a derrocada dos estagiários de tiranos com uma latinha de cerveja, comprei um fardo com 15.

Talvez tenha de comprar mais um com 12 para aguardar os próximos capítulos da fieira de diálogos encontrados pela Polícia federal entre um foragido e Carlos Jordy. Em qualquer cartilha republicana está escrito que foragidos têm de ser denunciados ou entregues à Polícia. Quando um deputado federal se encavala com um deles e é defendido por seus pares da oposição é sinal de que o medo chegou aonde até então só havia bravatas. Mesmo com provas irrefutáveis e capazes de atingir o tal nervo entre o boga e o bilau, o esperneio é um direito de todos. O problema de Carlos Jordy e de seus amiguinhos golpistas mora no resultado de uma meia verdade. O perigo é dizer exatamente a metade que é mentira. Com a PF e com Alexandre de Moraes não há meia conversa. Tardiamente, o touro meio bezerro, as mulas e todo o rebanho caíram da jumenta e começam a se preparar para voltar para o brejo.

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